Terça-feira, 16 Abril

MOTELx regressa em setembro

A 8ª edição do Motelx vai decorrer entre os dias 10 e 14 de setembro, em Lisboa. Aos seus espaços tradicionais, o cinema São Jorge e o Palácio Foz (Cinemateca Júnior), neste ano acrescenta-se o teatro Tivoli/BBVA. Em termos de programação, parte dela foi anunciada em conferência de imprensa realizada ontem (22/04) mas, diferente de edições anteriores, ainda não foi anunciado o(s) homenageado(s) deste ano.

Os dez primeiros filmes presentes na lista já revelada (serão acrescentados outros títulos até setembro) caracterizam-se pelo seu caráter recente: são todos de 2014, incluindo a aguardada sequela de The Raid Redemption, exibido no festival em 2012, The Raid. Tal como o anterior, estão garantidas duas horas e meia de muita porrada. Habituais no certame também são os realizadores franceses Julien Maury e Alexandre Bustillo, duas das figuras mais importantes da vaga terrorífica francesa dos últimos anos e que comparecem com o seu novo trabalho, Among the Living – que traz no elenco a veterana Beatrice Dalle. Maury, para além de ser jurado na competição de curtas nacionais, vai proferir com Bustillo uma masterclass justamente intitulada de Nouvelle Vague do Terror.

Outra trilogia em destaque é a do belga Fabrice du Welz, que aparece com Allelluia, estreado na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes este ano. Inspirado numa história verídica que abalou os Estados unidos em 1947, dá sequência temática a Calvaire. Adrian García Bogliano, que teve recentemente estreado em Portugal o seu Aqui Vem o Diabo, aparece com Late Phases, sua primeira obra em língua inglesa, enquanto Nacho Vigalondo surge com Open Windows, uma espécie de “janela indiscreta” cibernético onde Elijah Wood reaparece no género depois de Maniac, exibido na edição do Motelx do ano passado. Da Alemanha, por sua vez, vem Der Samurai, trabalho de Till Kleinert que teve sua estreia (com burburinho) no último Festival de Berlim.

Também foram anunciadas duas comédias terroríficas: Life After Beth, de Jeff Baena e Stage Fright, de Jerôme Sable. O primeiro marcou a estreia na realização de Baena, escritor de um filme de David O. Russell (“I heart Huckabees“), e colheu elogios em Sundance este ano. Traz no elenco John C. Reilly e Aubrey Plaza como uma zombie; a obra de Sale, por sua vez, parte de uma fórmula bizarra: um slasher musical!

O olhar feminino sobre o universo do terror vem com dois projetos: Honeymoon, dos Estados Unidos, primeira longa-metragem de Leigh Janiak estreada no South By Southwest e prometendo perseguir a senda do grande Roman Polanski e o seu terror interior e, da Austrália, The Babadook, da realizadora Jennifer Kent, que investe no terror atmosférico a assombrar mãe e filho. Também passou por Sundance.

Do universo televisivo, destaque para a primeira exibição em Portugal do primeiro capítulo da 7ª temporada da série True Blood (Sangue Fresco).

Já a seção Lobo Mau, destinada aos mais novos, vai repescar velhos clássicos da Disney, como Pinóquio, Fantasia e Branca de Neve e os Sete Anões. Já para a competição de curtas portuguesas foram selecionadas 13 obras.

O TERROR EM PORTUGUÊS

Sempre tendo mente a cultura portuguesa e as suas esparsas incursões pelo terror, o Motelx este ano busca como fonte de inspiração a única antologia literária de histórias terroríficas lusitanas – a chamada literatura negra, uma versão nacional para a sua equivalente gótica. A Antololgia do Conto Fantástico Português, publicado nos anos 60 e a despeito da má vontade que este tipo de mateiral despertava no Estado Novo, inclui dois contos que viraram filmes: O Defunto, de Eça de Queiróz, que transformou-se na obra O Cerro dos Enforcados (1954), e Os Canibais (1988), de Álvaro Carvalhal, adaptado em forma de opereta por Manoel de Oliveira.

Uma novidade deste ano é uma leitura de poemas tumulares (a rara poesia maldita portuguesa) numa sessão no bar Povo, no Cais do Sodré, no dia 01 de setembro dentro de uma programação que os organizadores designam como um “warm up” que antecede a mostra de filmes. Está inclui uma nova sessão aberta, na praça do Teatro São Carlos, repetindo a fórmula testada com “Poltergeist”, no ano passado.

Entre as atividades paralelas, workshops sobre diversas atividades do cinema, como o trabalho dos duplos (com David Chan,o Puto Perdiz do Capitão Falcão), desenvolvimento de moldes para criação de peças para cinema, sobre animação, caracterização e efeitos visuais. Também habituais são os jogos de tabuleiro – um adulto e os “pouco assustadores” para crianças, para além das festas.

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