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John McPhail e como Takashi Miike influenciou o seu “Ana e o Apocalipse”

Imaginem Breakfast Club (O Clube) com um toque musica (à la Glee) e um apocalipse zombie. Esta pequena descrição serve de introdução a Ana e o Apocalipse (Anna and the Apocalype), comédia musical de horror que estreou na passada quinta-feira nos cinemas e chega esta semana ao Video on Demand, através da Filmin.

O projeto nasceu em 2012 como uma curta-metragem chamada Zombie Musical. Escrita por Ryan McHenry, “famoso” pelos Vines ‘Ryan Gosling Wont Eat His Cereal‘ (Ryan Goling Não Quer Comer os Cereais). A curta ganhou prémio para os novo talentos nos Bafta escoceses e depois entrou processo de transformação numa longa-metragem. Em 2015, McHenry faleceu, tendo o projeto ido para a frente com a realização de John McPhail, com quem estivemos à conversa: “Eles estavam à procura de um realizador após a morte do Ryan e viram a minha comédia romântica coming of age “Where do We Go From Here?” no Festival de Cinema de Glasgow. Foi um filme feito praticamente sem dinheiro. Não era algo para incendiar as audiências, mas apenas para fazer as pessoas sentirem-se bem. Um feel good movie com grandes personagens e muito coração (…) O meu melhor amigo, que também atua nele, compôs as músicas, o que o tornou em algo com uma banda sonora original, e como trabalhamos sempre juntos quando escrevia o guião, eles [os responsáveis por Ana e Apocalipse] viram nisso um potencial. Gostaram do meu “pitch” e fiquei com a direção”.

Influências

McPhail fala-nos de Sam Raimi, Edgar Wright e Takashi Miike, destacando o último por realmente ter o título de primeiro musical com zombies: “Quando a imprensa começou a falar do Ana e o Apocalipse diziam que era o primeiro musical de zombies, o que não era verdade, tendo eu insistido que o primeiro foi o A Felicidade Dos Katakuris do Takeshi Miike em 2001. Os filmes de John Hughes, como o Breakfast Club, foram também influências. Eu queria que estes miúdos sentissem-se adolescentes dos nossos tempos. Eu até lhes dei o filme para verem. O Zombieland também me influenciou, eu adoro o filme”.

Detacar-se no Universo de zombies sobrecarregado

Literatura, cinema, televisão, videojogos e muito mais. Os zombies estão em todo o lado, mas para o cineasta, mais importante que apresentar algo novo era respeitar o subgénero: “Por exemplo, não precisei ter um Paciente 0. Nós vemos sempre em filmes de zombies, sabemos sempre que eles vêm de algum lado. Aqui não precisamos de uma origem, uma razão para existirem. O meu trabalho não era apresentar algo novo, era contar a história que queria. Estes miúdos perdidos no meio de um apocalipse zombie. Eu e os meus amigos sempre vimos imensos filmes ridículos de zombies e discutimos sempre o que faríamos no caso de um apocalipse. Todos nós tínhamos um plano para os mortos vivos. Claro que há coisas que eu sabia que estes zombies tinham de ser, como por exemplo lentos. Não podemos ter miúdos a cantar e a dançar e os zombies serem rápidos, não é?“.

Sequela e novo projetos

Nós dissemos sempre que não fariamos sequelas, mas na verdade nunca se sabe. Até especulamos disso, de um Anna 2, que gostaríamos que fosse tipo uma Space Opera (risos)“, disse o realizador ao c7nema, acrescentando que teve em Los Angeles algumas reuniões sobre eventuais projetos futuros, preferencialmente em Cinema, embora John não afaste um cenário de trabalhar para uma plataforma de streaming.

A passagem do filme por Portugal

Em setembro passado, Ana e o Apocalipse passaram pelo MOTELx, evento que deixou o cineasta maravilhado: “Foi uma receção ao filme mesmo muito boa. Nunca tinha estado com a audiência portuguesa e adoramos, pois riam, batiam palmas, etc. No Reino Unido temos audiências muito reservadas, que realmente não se manifestam, por isso ver a reacção portuguesa foi brilhante.” No EUA a história repetiu-se. Presente na semana anterior em terras do Tio Sam, o cineasta disse que o “público foi muito agradável e simpático”, falando ainda de um crescendo de popularidade do filme além festivais.

Voltando a Lisboa, John revela ainda um grande momento. Aquele em que visitou o Estádio do Jamor, no qual o seu Celtic de Glasgow, a 25 de maio de 1967, conquistou a Taça dos Clubes Campeões Europeus, batendo o poderoso Inter de Milão, por 2-1. Foi “emocionante“, confessou.