Sexta-feira, 19 Abril

Entrevista a Pollyanna McIntosh, protagonista de «White Settlers» e «Let Us Prey»

  

Pollyanna McIntosh cresceu em Portugal e na Colombia antes de regressar à Escócia, o país que a viu nascer. Aos 16 anos partiu para Londres e iniciou uma carreira no cinema, notando-se uma apetência para thrillers e filmes de horror, e destacando-se a sua prestação em The Woman (2011), de Lucky McKee. Nesta edição do Fantasporto, a atriz participa em duas obras presentes no programa: White Settlers, onde faz o papel de uma mulher que juntamente com o esposo terá problemas com uma invasão domiciliar, e Let Us Prey, filme no qual interpreta uma policia que terá de lidar com um estranho homem que apodera-se das mentes e das almas de todos à sua volta.

O c7nema teve a oportunidade de trocar umas palavras com a atriz, que confessa que viveu na cidade do Porto dos 2 aos 4 anos e que um dia, talvez para o ano, possa visitar o Fantas.

Como é que se preparou para interpretar uma polícia em Let Us Prey?

Foi divertido. Entrevistei alguns policias, entrei no espírito e aprendi a algemar e outros procedimentos policiais. Principalmente com a Rachel [a personagem] preparei-me para interpretar alguém que passou por abusos e bastante stress quando era criança. Essa parte da investigação para o papel não teve muita graça.

No Let Us Prey e no White Settlers desempenha o papel de uma mulher que toma as rédeas da ação num cenário de horror. Concorda que o cinema de horror contemporâneo tende a dar mais poder às mulheres nas suas histórias.

Não concordo com isso como um todo, mas diria que há bons exemplos criativos disso no género, quer no passado, quer agora, em nítido crescendo. Mas esses exemplos estão no meio de muita misoginia, a qual não prevalece apenas no cinema de horror.


Pollyanna McIntosh em Let Us Prey

Que podemos esperar da Sarah de White Settlers?

Espero que estejam agarrados às cadeiras do cinema. Espero que gostem da reviravolta e que se sintam instigados a refletir sobre o que «os bons» e «os maus» são. Na Sarah, eu não ia esperar que fossem gostar tudo nela. Realmente gosto bastante das áreas cinzentas [ambiguidades] deste filme.

Como uma escocesa, o que acha da história base do filme e a forma como o interior do país é apresentado?

Sou orgulhosamente escocesa e assim também o é o argumentista do filme. Acho que a divisória Escócia/Inglaterra nesta fita é uma alegoria às diferentes classes e poder económico no Reino Unido e, claro, às diferenças entre quem vive na cidade e no campo. O sistema bancário atual e a falta de habitações a preços razoáveis foi algo exacerbado pelo nosso governo conservador. Eles são os verdadeiros vilões desta história. Mas isso, claro, significa que está em nós a responsabilidade de mudar as coisas. Nós todos. A ganância é realmente a vilã.

Eu adorei que o filme se desenrolasse na Escócia, isto apesar de eu interpretar uma inglesa lá. Foi dificil manter bem o meu sotaque quando a Joanne (que interpreta a agente imobiliária) o conseguiu fazer tão bem. E ela é inglesa.

Acha que este filme tem uma carga politica ou simplesmente é um filme de horror divertido?

Acho que o debate [da questão da independênciA] veio a calhar para as pessoas se interessarem no filme, mas na verdade a fita nunca teve a intenção de ser política nesse sentido..


Pollyanna McIntosh em White Settlers

Com filmes como The Woman, Love Eternal e White Settlers começa a tornar-se uma referência no cinema independente de horror. Era esta a sua intenção?

O cinema de horror trouxe-me alguns dos melhores guiões e papéis. Sinto-me muito agradecida por isso. Mas não diria que o Love Eternal seja um filme desse género, embora envolva assuntos negros. Também não chamaria o White Settlers um filme de horror, mais um thriller. Mas essa é a boa coisa no cinema. Como os grandes géneros musicais, há sempre álbuns que não se podem catalogar: um rapper que toque guitarra será sempre um rapper. Adoro estas possibilidades infinitas.

Segundo a IMDB, cresceu em Portugal. Conhece o Fantasporto e a cidade do Porto?

Cresci no Porto dos 2 aos 4 anos e lembro-me de tudo, muito vivamente. Já lá voltei algumas vezes, mas há muito tempo que não vou lá. O festival tem sido muito bom para mim, a convidar-me em edições anteriores, mas nunca estou na Europa quando ele acontece. Estou sempre em algum sitio a filmar. Talvez para o ano vá…

 

Data de Exibição no Fantasporto

White Settlers – Sábado, 28 de fevereiro,15h30, Grande Auditório do Rivoli
Let Us Pray – quarta-feira, 4 de março ,18h30, Grande Auditório do Rivoli

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