Sábado, 20 Abril

Entrevista a Adrian Tofei, realizador de «Be My Cat: A Film For Anne»

«Obcecado por fazer um filme com a atriz Anne Hathaway, um jovem aspirante a cineasta da Roménia chega a extremos hocantes para provar as suas capacidades». É esta a base de Be My Cat: A Film For Anne, filme que marca a estreia na realização de longas metragens de Adrian Tofei, um ator romeno fascinado pelo found footage. Ora, a Roménia é bem conhecida pela sua prolífica nova vaga de jovens cineastas, mas o cinema de horror não é de todo abundante nestas paragens.

O c7nema teve a oportunidade de falar com Adrian Tofei, o qual está já na cidade do Porto para apresentar o seu filme no Fantas.

Bem, presumo que seja fã de Anne Hathaway?

Sim, eu amo sua atuação em Os Miseráveis, onde o canto torna-se como uma segunda natureza para ela! Nunca gostei de musicais, porque não acredito nos atores que precisam de cantar como forma de se expressar. Eu sinto que o canto não é a sua forma normal de comunicação, soa a algo forçado. Mas, em Os Miseráveis, o canto torna-se uma forma real de comunicação! É como a personagem interpretada pela Anne, que passou toda a sua vida cantando em vez de falar. Incrível!

E como surgiu a ideia para Be My Cat ?Como foi transformar a ideia num filme?

Eu fiz um daqueles “one-man-show” chamado O Monstro. Era sobre um homem obcecado por uma atriz. Tive bastante sucesso com esse espetáculo e senti que precisava transformá-lo num filme, uma vez que a minha maior paixão é o cinema e não o teatro.Só fiz esse espetáculo em teatro porque era a minha única opção naquele momento. Após cerca de um ano de preparativos, o conceito do filme distanciou-se bastante da peça original, até que se transformou num trabalho original. Dessa peça só mantive alguns elementos psicológicos da minha personagem.

E porque escolheu filmar o seu projeto usando o found footage? Você é fã desse subgénero? Que filmes e diretores escolheria como pontos de referência para criar Be My Cat ?

Eu sou mais do que um fã do conceito found footage! O melhor é ver o meu “manifesto found footage”. Lá encontram um monte de informações sobre o potencial deste conceito, além de detalhes sobre três filmes incríveis do género.

Soube que numa cena específica, uma atriz [Sonia Teodoriu] chamou a polícia porque se sentiu ameaçada e que o John Lepper, produtor, teve que lhe telefonar a ver se ela estava realmente bem. Como lidou com essas situações e o que é que a polícia lhe disse?

A cena quando a polícia chega está no filme! É ótimo que isso tenha acontecido! Um dos policias disse que “a construção emotiva do seu papel tornou-se tão real que ela sentiu realmente a necessidade de fazer a chamada“. Fiquei muito impressionado com a forma como reagiram e como entenderam os métodos criativos que estávamos a usar.


Sonia Teodoriu em Be My Cat: A Film For Anne

O que é que o público do Fantasporto pode esperar do seu filme e quão importante é para si a presença de Be My Cat no programa do festival?

Realmente não sei como o público vai reagir a este filme. Tem um conceito nunca antes visto em qualquer outro filme de horror. A seleção para o Fantasporto é algo inacreditável! Fiquei chocado quando descobri que cineastas como David Lynch ou Quentin Tarantino foram selecionados com os seus filmes em edições anteriores! É uma honra incrível ter o meu primeiro filme presente no Fantasporto!

A Roménia (mais a Transilvânia) é conhecida por ter uma das personagens mais icónicas no universo do horror: Drácula. Curiosamente, não vemos muitos filmes de horror dessas paragens. Acho que este filme é mesmo o primeiro filme de horror executado com recurso ao found footage. Existe algum movimento ligado ao cinema de horror no país?

Não. Não existe nenhum movimento de horror ou found footage na Roménia, pelo menos no que diz respeito a longas metragens de ficção. Apenas existem curtas. Be My Cat é o segundo filme de horror romeno e a primeira longa-metragem que recorre ao found footage.

Acha que a Anne Hathaway ia gostar do seu filme?

Sinceramente, não sei. Espero que sim.

Imagine este cenário. Um produtor americano queria fazer um remake do seu filme e pede-lhe para ser novamente o realizador. Aceitava?

Sim! Eu tinha planeado alguns elementos incríveis, mas não os consegui executar pois precisaria de um orçamento muito maior. Não imaginas o que eu conseguiria fazer com mais dinheiro. Porém, nunca insistiria [com o produtor] em realizá-lo. Gostava de atuar nele, pois primeiro que tudo sou ator. Só o filmaria no caso de voltar a ser um filme found footage. Se não fosse, gostaria apenas de ser um dos argumentistas ou ator.

Tem algum projeto para o futuro que nos possa falar?

Eu tenho algo em mente, mas é algo a longo prazo. Não posso falar sobre isso porque é muito pessoal. Ainda não contei a ninguém. É o meu propósito mais profundo nesta vida. Não sei quando vou estar pronto para fazer esse filme. Agora, ainda não estou. Neste momento só quero concentrar-me na minha carreira de ator. Quero participar em filmes de outras pessoas o mais rápido possível!

Data de Exibição no Fantasporto

Domingo, 1 de março, 15h00 – Grande Auditório do Rivoli

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