Com rasgados elogios por parte de Angelina Jolie, começaremos por mencionar o seu feito enquanto produto de Cinema – o primeiro filme independente afegão, filmado em Cabul e com elenco nativo. 

Agora, que fomos apresentamos ao seu gesto marketing, Hava, Maryem, Ayesh, primeira obra de ficção de Sahraa Karimi é um filme-denúncia valorizado pela sua mensagem acima da sua forma.

Esta é a história de três mulheres afegãs unidas pela convergência das suas respetivas gravidezes e do facto, enquanto sexo feminino, serem restringidas a personalidades de segunda num Mundo feito à medida dos homens. Cabul transforma-se nesse ecossistema masculino e regido pelo patriarcado, onde a Mulher não é nada mais que um propósito de fertilidade para a geração seguinte. O facto de ter sido realizado por por uma mulher local, Karimi, que esteve por detrás do documentário Afganske zeny za volantom (sobre a luta das mulheres afegãs em tirar a carta de condução), atribui a este retrato uma certa sensibilidade para com as protagonistas, cada uma delas enviesadas num prolongado pesadelo.

Arrancamos com Hava (Arezoo Ariapoor), jovem casada e grávida confinada à casa do seu marido e sogro. Servente para as lides da casa, ninguém se quer preocupar com a sua situação e bem-estar, tendo como única “recompensa” as constantes conversas com o seu ainda não nascido filho, algo que é retirado após um acidente. Na segunda história seguimos Maryem (Fereshta Afshar), uma pivô que lida com um divórcio mas que descobre estar grávida, levando com isso a encarnar o papel de noiva louca. O último capitulo centra-se em Ayesh (Hasiba Ebrahimi), jovem pronta a casar que tudo faz para abortar do seu indesejado e secreto filho.

Como havíamos referido, é uma narrativa mosaico cujo único propósito é concentrar-se numa denúncia à condição da mulher neste ambiente. Infelizmente, a visão cinematográfica fica-se pelos planos fixos e pelos espaços fechado que aludem um certo sufoco. Contudo, nada mais de transgressivo encontra-se aqui. Por mais “certinho” que o filme seja, Hava. Maryam, Ayesh vale somente pela sua representação do que a vontade de ser uma distinta peça cinematográfica.

É um caso de “boas intenções” aprisionadas numa mera peça social. Até nesse aspeto, faltou-lhe mais garra na sua crítica.