O sucesso inesperado do Filme LEGO, em 2014, levou-nos ao que chamamos de um cinismo burlão, mas lá fomos engolidos pela moral denunciante deste produto de animação.

Com um individualismo pregado, gesto improvável de uma grande empresa de brinquedos globalizados, e um tiro certeiro num humor algo caricatural e autocritico, o filme de Phil Lord e Christopher Miller (a dupla responsável por um expansivo toque pós-modernista em Hollywood) conseguiu ser um êxito de bilheteira (469 milhões de dólares a nível mundial), para além de impulsionar a venda do já conhecido merchandising, criou um franchise cinematográfico. Por isso, vimos spin-offs de um Batman em miniatura e de um Ninja (que não resultou lá muito bem em box-office) até chegarmos à sequela direta. Convém dizer que a regra habitual destas continuações é aplicada aqui.

Não se trata de inferiorização, até porque Filme LEGO 2 recorre às temáticas e às enésimas previsibilidades deste tipo de produções (cada vez mais se assemelhando um primo afastado de Toy Story). É com certeza um filme feito à medida para os mais “pequenos”, uma proposta sem frontalidade nem transgressões. Com isto, os verdadeiros adereços de um capitalismo entranhado são evidenciados (tudo serve para vender brinquedos) e uma dependência ao inventário da Warner Bros. também (“a Marvel não atende o telefone”, a mais inteligente piada do filme).

Joga-se no seguro e sem riscos; falha se nas piadas e no timing certo destas, existindo assim uma perda da noção das referências e, acima de tudo, da mensagem que tenta transmitir – novamente caindo no saturação do produto. Julgo que não existe muito mais para dizer. É um filme esquecível, onde o Everything is Awesome não é um slogan que valha. Phil Lord e Christopher Miller apenas se mantém como argumentistas, porém, os seus escritos parecem ser pouco compreendidos na automatização desta indústria.