Sexta-feira, 19 Abril

«Prospect» por Jorge Pereira

Curiosa a incursão sci-fi de Prospect, a adaptação da curta-metragem de 2014 do mesmo nome, escrita e dirigido por Zeek Earl e Christopher Caldwell, sobre um pai (Jay Duplass) e uma filha (Sophie Thatcher) que navegam pelo espaço e visitam uma Lua conhecida pelos seus recursos naturais, em especial pela presença de um rico minério que levará estes exploradores a inúmeros problemas.

Arrojo não falta ao duo de cineastas que embarca nesta jornada espacial sem explicar nada ao espectador num eventual prólogo. Pelo contrário, o filme leva-nos até esse mundo e vai expondo aos poucos, através das conversas entre as personagens e aquilo que vamos vendo, esse Universo tão desconhecido para nós como para quem o visita. Na realidade, não estamos muito distantes dos velhos filmes do faroeste, onde as personagens partem em busca do El Dorado por terras inexploradas, encontrando terras de ninguém repletas de foras da leia e “tribos” desconhecidas.

Se é verdade que o filme revela alguma sapiência na contenção de todos os elementos, até devido ao seu baixo orçamento e limitações consequentes nos meios de produção, isso não significa que o duo de realizadores não revele ambição numa história que só peca realmente pelo parco desenvolvimento das suas personagens. Neste aspeto, todas elas – com exceção da de Pedro Pascal – revelam-se meros peões superficiais com quase nada para acrescentar, escapando nesse silêncio narrativo aos estereótipos e lugares comuns do género, mas sacrificando uma eventual empatia e maior ligação com o espectador.

Do ponto de vista visual, a parcimónia em recorrer ao CGI, preferindo-se gadgets a partir de elementos e formas já conhecidos nos nossos tempos, demonstram um modelo de criação sem grande espalhafato, como se tudo hoje em dia fosse reciclado para o futuro, ao invés de estarmos perante tecnologias de ponta inventadas para os novos tempos. Fica assim, então, para a cinematografia e direção de arte a tarefa mais árdua, pois é através delas que se traça o ambiente e a atmosfera misteriosa e mística que nos levam para um local distante e desconhecido, fora deste planeta.

Com um pouco de mais polimento do guião e das personagens, podiamos estar perante um eventual filme de culto, mas na forma como está, fica uma ideia razoável, uma concretização mediana e dois cineasta que efetivamente mostram que têm ideias e conceitos de Cinema capazes de no futuro realmente brilharem.

Siga-se para a série espacial da Amazon, que a dupla está a desenvolver…


Jorge Pereira

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