Quarta-feira, 24 Abril

«Close» por Jorge Pereira

Longe vão os tempos em que Sophie Nélisse era aluna do Professor Lahzar (2010), ou então a rapariga que roubava livros no filme homónimo passado na 2ª Guerra Mundial (2014). Depois disso, vi-mo-la como uma miúda problemática entregue para a adoção em A Fabulosa Gilly Hopkins (2015), e como uma jovem em fuga – com ecos de Noivos Sangrentos (Badlands) de Terrence Malick – no drama de 2016, Mean Dreams: Sonhos Perdidos.

Agora com 18 anos, a canadiana assume o papel de herdeira de um império da mineração. É no meio de uma negociação importante para a empresa que ela se torna no alvo de um grupo de sequestradores, tendo ajuda na sua batalha contra eles de uma especialista em segurança (Noomi Rapace).

Thriller de ação de tom duro, Close é da linhagem Haywire, com a sueca Noomi Rapace a inspirar-se na mais famosa guarda-costas feminina do mundo, Jacquie Davis, para construir uma personagem recatada, letal e leal. Rapace funciona bem em filmes de ação, sendo exemplo disso a sua incursão como Lisbeth Salander nos três filmes suecos da saga Millennium, que lhe deram visibilidade, ou nos mais recentes Conspiração Terrorista e o sci-fi distópico Sete Irmãs.

Aqui ela acaba por ser a força inexorável, uma “Women on Fire” num um projeto que apesar de nunca largar diversos clichés no enredo e personagens (a jovem mimada irritante, a segurança recatada que prefere tiros e socos a palavras e emoções, a madrasta cheia de ambiguidades), coloca em sintonia três mulheres na linha da frente dos eventos, uma marca do cinema de Vicky Jewson, já com alguma história na condução de mulheres a terem de lidar com conspirações e múltiplos perigos (Born to War).

Saúda-se a apresentação da ação no feminino sem a obrigação de atributos sexy padronizados (como Salt, Wanted e quase todos os filmes de Angelina Jolie), tão comuns no cinema de Hollywood, preferindo Jewson uma ação de maior crueza e autenticidade, a excessos de CGI ou coreografias elaboradas. O filme mima ainda o espectador com alguns dos principais elementos dos filmes de cerco, com sequências a fazerem lembrar a Sala de Pânico de David Fincher, embora os resultados sejam inferiores dada a relativa previsibilidade do desenlace.


Jorge Pereira

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