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«Welcome Home» (Um Desconhecido em Casa) por Jorge Pereira

Thriller psicológico com contornos obsessivos, Welcome Home coloca um casal (Emily Ratajkowski e Aaron Paul) a tentar superar uma traição nas belas paisagens italianas quando Federico, um terceiro elemento (Riccardo Scamarcio), surge para lhes atormentar a vida e afastá-los cada vez mais.

Com realização de George Ratliff (Joshua) e argumento do estreante David Levinson, Welcome Home peca essencialmente pela sua estrutura e narrativa desoriginal (mesmo em tempos digitais e de Airbnb); por atuações pouco trabalhadas e sem química do casal (Ratajkowski com limitações dramáticas e Paul à procura de um balão de oxigénio pós Breaking Bad) ou então “over the top” na expressividade (Scamarcio); por uma direção que pretende cozinhar o mistério e o thriller em lume brando mas que nunca nos prende realmente ou cativa para além de criar um pequeno desconforto; e ainda pela previsibilidade gritante da história, que retira qualquer forma de suspense ou surpresa.

No essencial, Welcome Home quer ser um filme “Hitchcockiano” ou “De Palmiano” nos tempos modernos, explorando as formas como a tecnologia traz novos perigos e um maior facilidade do voyeurismo, factos aproveitados pelos “Federicos” doentios do mundo.

Contudo, tudo o que se vê é muito pobre, reciclado e frouxo, tornando-o um produto verdadeiramente obsoleto e descartável, sendo ainda o aproveitamento erótico em torno da personagem de Ratajkowski mais ridículo, irritante e adolescente, do que uma verdadeira sensualidade ao serviço da história. Se o mercado do Home Video fosse rico como o era há 20 ou 30 anos, este filme não saia de lá.


Jorge Pereira