Por diversas vezes a produtora indonésia Hitmaker tenta ser uma americana Blumhouse, apostando quase exclusivamente no terror de baixo-orçamento, vertente que fascinou a Netflix que concebeu as garantias de produção em troca de material exclusivo para a sua plataforma de streaming. Como um wannabe da Blumhouse, a Hitmaker recria através dos elementos mais reconhecidos das tendências de terror atual, uma fórmula de sucesso, mesmo que a Netflix garanta esse acesso instantâneo e sem compromissos por parte do usuário, o sucesso não será bem a palavra de ordem.

Depois do Terceiro Olho (Mata Batin), chegamos a Sabrina, uma variação de bonecas amaldiçoadas que assume-se como uma espécie “muckraker”, remexendo no lixo, procurando peças para compor uma obra frankensteineana. Sob a direção, produção e autoria de Rocky Soraya (que tem a sua mercê uma própria saga de bonecas demoníacas), este conto de excessos empinados em mais excessos centra-se em possessões, famílias desfeitas, médiuns guerreiras e uma boneca por si sinistra.

Se existem alguns valores de produção invejáveis aqui, é bem verdade que uma realização pobre, desinspirada e desenquadrada em cumplicidade com um argumento “abaixo de cão” (é de notar a quantidade de incoerências narrativas e violações física e credibilidade) que leva-nos a um mero fantoche da indústria do terror (chamar a tudo isto amontado de lugares-comuns já é considerado elogio). É um filme que procura ser um novo The Conjuring, Insidious, Annabelle ou até Child’s Play, é uma salada de referências contemporâneas que se fundem gerando um objeto oportunista sem expressividade e rigor.

Com atuações que soam o amador, Sabrina não será a culpada pela queda do terror asiático, mas é uma “prova dos noves” como a criatividade abandonou aqueles lados da mesma maneira que foge do ocidente hollywoodesco. Até apetece afirmar que a esperança do género ainda continua na América Latina e na Europa mais obscura.