Para contextualizar, o termo “chaco” nasceu dos Incas, é a denominação para território de caça, e Danièle Incalcaterra (de origem italiana) herdou cerca de 5.000 hectares de tal na zona do Paraguai. Determinado a contrariar as tendências de um país com escassas politicas ecologicas, Incalcaterra decide preservar esse pedaço de terra e fundar, com isso, a reserva natural de Arcadia. Porém, desconhecendo, desencadeia uma guerra entre os lobbys presentes num sistema vicioso e corrompido.

Em Chaco [filme] deparamos com um registo de pouca linguagem cinematográfica e com grande aptidão televisiva (convém reafirmar não encontramos o facilitismo formatado da reportagem noticiosa), porém, o entusiasmo desta luta filmada insere-se na sua própria temática, uma denúncia subtil perante as politicas arcaicas e das contradições impostas pela própria. É um objeto desgastante, no bom sentido da palavra, revelando o cansaço de um homem determinado mas constantemente desafiado por uma autentica “bola de neve”.

Chaco nunca se verga pela ecologia politizada de um Al Gore, ao invés disso tende em mascarar-se como um thriller kafkiano, um Processo burocrático e caricato, para investir num olhar inquisidor à própria politização ecológica. E quando falamos em politicas e anexos, salienta-se uma determinada sequência onde Incalcaterra se reúne com empresários, pronto a convence-los de “patrocinar” a sua ideia de Reserva Natural. Antes do encontro começar, um destes [empresários] dirige se aos restantes sob as trocistas palavras: “bem, temos que nos virar à esquerda”. Em Chaco, somos obviamente conduzidos à interminável batalha de preservação (ou ativismo, conforme o que realmente acreditamos), mas subtilmente o filme abre portas para a reflexão do quanto politizada é a ecologia ou, infelizmente, é assim vista.

Será que as questões ambientais, a conservação de um património natural para gerações futuras, é uma cedência politica? Não poderíamos, ao invés, identifica-los como civismo ou ética do Homem para com o seu Planeta? Enfim, a verdade é que em Chaco, mostrando com antecedência a agravante da desflorestação, o ambientalismo é uma luta politica. Senso comum, a nossa derrota enquanto seres vivos.

Pontuação Geral
Hugo Gomes
chaco-por-hugo-gomesUm filme para despertar consciências e abalar preconceitos politizados