Quinta-feira, 18 Abril

«Peppermint» por Jorge Pereira

Depois de ter brilhado na série ALIAS, Jennifer Garner foi encarada como potencial estrela de ação, mas os fracassos de Daredevil e especialmente de Elektra retiram-lhe esse potencial no cinema comercial, começando a surgir em filmes independentes nos mais variados papéis, como em Juno, O Clube de Dallas, ou o mais recentemente estreado em Portugal, As Tribos de Palos Verdes. Aqui ela surge também num filme “indie” – fora do sistema dos grandes estudios- numa nova incursão pela a ação frenética e marcial, novamente tão na moda depois de John Wick.

Mas se a sua incursão neste género é de salutar, tudo o que vemos neste Peppermint são velhas histórias de vingança, tão derivativas que a sinopse do filme podia ser a mesma de centenas de obras que já vimos, fossem elas com Charles Bronson na liderança (Death Wish), Thomas Jane (Punisher) ou Uma Thurman (Kill Bill).

Riley (Garner) é uma mulher que assiste ao assassinato do marido e da filha nas mãos de um cartel de droga. Após o tribunal absolver injustamente os culpados, ela desaparece durante cinco anos e quando regressa começa a matar cada um dos membros desse cartel.

Ainda recentemente vimos um excelente, ponderado e complexo plano de vingança no feminino após um atentado terrorista ceifar a vida ao esposo e filho de Diane Krueger em In The Fade (Uma Mulher Não Chora).

Neste Peppermint não há nada de novo, nada de introspectivo ou fora do meramente casual e superficial. A ideia do realizador Pierre Morel – também ele habituado a vinganças (pensem em Liam Neeson em Taken) – é apenas e só aplicar generalizações do culto da vingança e da “pornografia” do armamento, com tiros, pancadaria e uma mensagem “olho por olho, dente por dente” como proposta de entretenimento baseado em sentimentos primários e manipulação emocional.

Estranha-se pois que quando se tenta apanhar o comboio de ‘Wick e Atomic Blonde – iniciando assim um novo franchise – seja-se tão banal em quase tudo, mas em especial nas coreografias das lutas, das sequências de ação e da própria composição da personagem de Garner, que em momento algum tem uma marca distintiva que nos faça pensar que pode ser uma estrela do género. 

Por isso, se querem ação generalista descartável e vingança da velha guarda pastiche, Peppermint é o vosso filme. Para todos os outros, esqueçam… Já viram este filme uma dezena de vezes..


Jorge Pereira

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