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The Spy Who Dumped Me: o tramado está em reconciliar a comédia

Até certo ponto chega a ser saturante o número de paródias ao subgénero de espionagem que são produzidos, tendo sobretudo alvo às enésimas missões de 007. Em The Spy Who Dumped Me, o título é por si um bilhete de boas-vindas a essa mesmo “spoof”, foca-se no entretanto ao dito arquétipo de bond girl, ao invés do irresistível espião da MI6.

Mila Kunis é a protagonista e vítima da sua personagem-tipo, a mulher sem autoestima, insegura e cuja caótica vida a torna no exemplo perfeito para ser um caso improvável de sucesso (pelo menos não contamos em revê-la a limpar sanitas). Apesar da atriz subjugar-se a este tipo de papéis, que nada condizem com a sua imagem, é lhe dada uma sidekick (Hollywood, e não só, parece não conseguir fugir ao mesmo vicio). Essa, em forma de Kate McKinnon (que tem tentado conquistar o grande ecrã, porém, perdida em figuras demasiado caricaturais), é arrastada para uma missão involuntária bem ao jeito dos últimos sucessos do subgénero que o filme tende em citar.

E é aí que entramos no maior dilema deste produto, um objeto dedicado na sua vertente de ação mas denegrido pela comédia de estúdio que tenta forçosamente ser. Assim, somos presenteados com um trabalho esforçado na área dos “stunts” e dos códigos previsíveis da ação, até mesmo a missão que serve de subenredo ostenta o seu quê de astucia. Contudo, a versatilidade fica-se pelo físico. The Spy Who Dumped Me retém-se pela comédia livre quase improvisada que não tem noção quanto às suas doses recomendáveis. Caímos em histerismos, em escatologias e muito humor sitcom dignamente televisivo para “encher chouriço”. A salientar também pelo falso-feminismo que tenta desesperadamente tecer, citando o capitalismo infiltrado deste movimento sobretudo social.

Está difícil Mila Kunis vingar com personagens e filmes assim, caindo na desgraça da imperativa indústria ao serviço de tendências e igualmente de velhos costumes difíceis de matar. Sinceramente, vindo de um filme com este título esperávamos muito mais do que uma futura exibição domingueira. É a silly season, como já dizia o outro.