Um Hotel que é automaticamente um refúgio a toda a classe de criminosos. Familiar? Temo que o conceito já tenha sido aplicado com “forçada” subtileza no duo de John Wick? Sim, mas Hotel Artemis, a primeira experiência no formato da longa-metragem de Drew Pearce, não é nenhum spin-off da saga do assassino reformado e amargurado, é antes uma distopia futurista, palco de fundo desnecessário para se aventurar num filme de uma ideia só a dividir pelos inúmeros problemas inconsequentes de execução.

Começamos pela tristeza que é testemunhar uma atriz de historial – Jodie Foster – a ser ruminada por estes papeis de “paga-contas”, agorafobias ao quadrado como tem sido refém a sua carreira ultimamente. Ela é a cabeça de cartaz deste estabelecimento de sócios “only”, tendo como sidekick um Dave Bautista subserviente na capa do comic relief, à imagem dos seus acumulados sucessos. Ambos lideram um elenco de clientes de passageira estadia sob o signo de arquétipos ou de obrigações contratuais. Sente-se o desaproveitar destas personagens dependentes das vontades subjugantes de um guião preguiçoso e demasiado rebuscado no seu desenvolvimento (é doloroso ver Jeff Goldblum a ser desprezado desta maneira).

Como repesco nas primeiras linhas do texto, é a ideia generalizada, este futurismo carente de criatividade e de tom crítico, sem nenhuma conexão com o nosso mundo, a materializa-se como um bilhete de ida e volta. Contudo, nada de metáforas, apenas parábolas desmioladas. O realizador e argumentista Drew Pearce revela-se automaticamente impreciso quanto ao ritmo a ter e a reter. Este, altamente contaminado por um estilo sufocante e das pretensões estabelecidas da série B, com mais intenção de sê-lo do que encarná-lo.

Mas sublinhamos, não é a devida virtude da dita série, é Hollywood travestida sem a audácia nem a capacidade de transmitir o elo do anti-herói (visto termos um filme recheado de tais). E para uma obra sobre bandidos, é estranho que Hotel Artemis seja tão lamechas e moralista.