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«Inconceivable» (Desejo Inconcebível) por Jorge Pereira

Da linhagem psicótica de uma Jennifer Jason Leigh em Jovem Procura Companheira, de uma Alicia Silverstone em Paixão Sem Limites, de Rebecca De Mornay em A Mão que Embala o Berço, ou de uma Glen Close em Atração Fatal, Inconceivable coloca Nicky Whelan como uma mulher que alegadamente fugiu de um casamento abusivo e que tenta recomeçar a sua vida numa nova localidade, tendo como amigos o casal Gina Gershon e Nicolas Cage. Mas cedo se percebe que algo de muito errado se passa com esta mulher, e a sua agenda obsessiva vai colocar o par em conflito e à beira da loucura.

O maior problema deste thriller genérico que parece sair dos anos 90 é a total incapacidade do argumento de Chloe King (filha de Zalman King – especialista em filmes de terror psicológico e eróticos nos anos 80 e 90) em sair da mais rotineira banalidade e dos lugares comuns. Com a fraqueza do guião e uma realização sem pulso ou arrojo do novato Jonathan Baker, onde tensão se confunde com comédia involuntária mais que uma vez, o trabalho dos atores torna-se insuficiente para levar esta obra a um lugar acima do mais absoluto estatuto de descartável.

As coisas tornam-se ainda mais complicadas quando algumas das ações da nossa vilã acabam por provocar risos e uma sensação de inverosimelhança, destruindo assim qualquer tipo de envolvência de suspense ou empatia com as vítimas, havendo apenas algum esforço por parte de Gershon (que parece canalizar uma espécie de Ashley Judd injustiçada) em remar contra a maré, enquanto Cage soma mais um cheque chorudo em modo piloto automático e Faye Dunaway quase enumera as vantagens de estar praticamente invisivel por aqui.

De resto, o trabalho de expressividade de Whelan deixa demasiado a desejar, sendo tudo tão óbvio e risível que o termo thriller por aqui é apenas uma operação de marketing. A evitar…


Jorge Pereira