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«Isle of Dogs» (Ilha dos Cães) por João Oliveira

Um filme tão bom que foi capaz de pôr Yoko Ono a cantar (bem)?

Wes Anderson está de volta com o seu novo filme que nada mais é do que aquilo que se esperava e desejava. O realizador domina tão bem a sua própria arte que um dia hão de inventar um adjetivo em sua honra, para que uma palavra consiga expressar aquilo que muitas não conseguem; ele leva ao cúmulo e eleva a qualidade de fazer aquilo que apenas ele sabe fazer, como poderíamos dizer de Tarantino.

As simetrias e as cores a que nos habituamos vêm acompanhadas de uma história de paixão juvenil, heroísmo inconsequente e uma grande dose de humor inocente que começa forte no início e se vai desvanecendo à medida que cresce a nossa compaixão e empatia pelo “pequeno piloto” nisto que é uma aventura sem qualquer dissabor e repleta de emoção.

Se a sua narrativa não bastasse, Wes Anderson completa a perfeição da sua obra pescando, como habitualmente, um elenco de luxo vindo diretamente da “top shelf” de Hollywood (a fórmula perfeita para garantir uns bons prémios) – Há Edward Norton, Bryan Cranston, a grande Frances McDormand, o recorrente Bill Murray, e ainda Scarlett Johansson (que infelizmente apenas nos dá a sua voz sob a personagem “Nutmeg”) e muitos outros, só ficou de fora, para surpresa de todos, Owen Wilson.

Apesar de demorados três anos a terminar a obra de animação em stop-motion, a sua segunda desde o fantástico Fantastic Mr. Fox, esta é recebida com algum receio: a ideia de ver sensivelmente duas horas de um filme juvenil em stop-motion pode assustar os mais facilmente entediados. Este não é o caso. É impossível ficar aborrecido a ver este filme, cuja história podia perfeitamente provir ou um dia integrar um livro clássico de fábulas.

Por esta altura devo dizer que a questão que abrimos a crítica é enganosa. Yoko Ono, viúva de John Lennon, não está incluída na banda sonora deste filme (que é mais uma das coisas que o torna tão bom); apenas dá voz à personagem menor homónima Yoko-Ono, cientista assistente. Lamentamos o engano: Wes Anderson é um fabuloso realizador e artista, mas ainda não faz milagres.

Atari Kobayashi, you heroically hijacked a Junior-Turbo Prop XJ750 and flew it to the Island because of your dog. Darn in, I’ve got a crush on you.” – Nós também. Nós também…

João Oliveira