Quinta-feira, 28 Março

«Acts of Vengeance» (Atos de Vingança) por Jorge Pereira

Antes de entrar pela análise a este filme, é interessante observar a sua estratégia de distribuição em Portugal. O filme está há umas semanas na Netflix (portuguesa), mas vai estrear em sala. Teste? Conflito de direitos? Direitos partilhados? Acordo tácito entre dois revendedores? Não sabemos, mas também é verdade que é a única curiosidade que este Atos de Vingança possui.

Usando como desculpa as Meditações de Marco Aurélio, Isaac Florentine – realizador habituado à ação e às artes marciais – apresenta uma proposta do mais terreno e mundano possível, uma daquelas histórias tão batidas que narrativamente estamos condenados a prever tudo o que vai suceder, como se seguíssemos uma fórmula ou uma receita culinária.

Banderas – que tal como Bruce Willis continua a percorrer terrenos de herói de ação de produções de 2ª linha (um fez Acts of Violence, o outro Acts of Vengeance) é aqui um advogado, habituado a “tirar a escumalha” da cadeia, que vai procurar vingança após a tragédia se abater sobre a sua família.

Apesar das meditações estarem esquartejadas em capítulos temáticos catalogados com frases chave, não há muito para pensar ou contemplar, até porque as sequências de ação cumprem apenas os mínimos (salva-se a cena inicial), as personagens são anoréticas e os dilemas são superficialidades mascaradas de pseudo-profundidade.

Aurélio um dia disse: “Enquanto imperador, sou importante em Roma; enquanto homem, sou igual a qualquer um no mundo.” Talvez Atos de Vingança possa ser importante na Netflix, tal o cheiro a mofo e cabedal do cinema de ação diretamente para VHS nos anos 80 e 90 (Van Damme, Seagal, Willis, todos eles podiam ser os protagonistas), mas nos tempos atuais, meter este filme em sala é simplesmente inexplicável, quando tantos outros do mesmo género (ação) poderiam oferecer mais que este Punisher ou Gladiador moderno sem humor ou argúcia dramática.


Jorge Pereira

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