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Fantasporto 2018: “The Child Remains”, “The Hollow Child” e “A Comédia Divina” por José Pedro Lopes

The Child Remains

Os elementos do terror “indie” mais comercial estão todos em The Child Remains: temos uma casa abandonada no meio do nada, uma mulher grávida e ser assombrada por crianças sinistras, mulheres com o rosto ocultado, e claro o maridão canastrão.

Claro que é pena que The Child Remains seja um filme tão entregue a esses elementos comuns. No entanto, em defesa do trabalho de Michael Melski, o filme consegue oferecer um terceiro ato com sustos e alguma dose de “creppyness” que fazem dele uma sessão agradável (sem bem que esquecível) de um filme de sustos.

Destaque para Suzanne Clément (a Kyla de “Mamã” de Xavier Dolan) que se entrega ao papel muito mais do que era necessário, e que nos mantém na expectativa até ao final.


The Hollow Child


Um dia a voltar da escola por um trilho no bosque, a pequena Olivia desaparece. Vários dias mais tarde volta para casa, não contando o que aconteceu.

A sua irmã mais velha, Samantha, começa a desconfiar no entanto que a Olivia que voltou não é realmente a sua irmã e que algo sinistro vive no bosque.

O canadiano Jeremy Lutter salta das curtas para as longas com The Hollow Child, um filme de terror que consegue assustar muito graças a um ambiente muito bem conseguido e um fantástico trabalho de imagem. Tirando partido das cenários e construindo cuidadosamente a tensão, Lutter apresenta aqui um filme assustador eficaz.

Curiosamente, o ambiente faz lembrar a série alemã Dark, um dos sucessos de 2017 do Netflix. Aqui o setup é mais contido e o terror mais focado naquilo que é uma narrativa de 90 minutos. No entanto, o “feel” é semelhante.


A Comédia Divina


Mateus (Dalton Vigh), um jornalista garanhão de um programa de notícias sensacionalista, demite a sua co-apresentadora para dar o lugar a Raquel (Monica Iozzi), sua amante.

No entanto, quando Raquel entra ao serviço cai-lhe nos braços a maior notícia de sempre: o Diabo (Murilo Rosa) saiu do inferno para abrir sua própria igreja na Terra. E quer lhe dar a ela o exclusivo de uma entrevista. 

Esta produção do Canal Global traz o que o Brasil melhor sabe fazer na área do cinema fantástico: um filme mordaz no comentário social, cheio de ritmo e diversão, e sem grandes limites na forma como apresenta todas as suas ideias alucinantes. 

Um destaque muito especial para Murilo Rosa que cria o perfeito Diabo à moda do Brasil, tão sorridente como dado para momentos musicais, e que rouba a atenção toda para si quando aparece em ecrã. 

Um filme que faz eco do melhor filme do Fantasporto do ano passado: a hilariante comédia A Repartição do Tempo.