Inspirado por uma história verdadeira no bairro de Vallecas, em Madrid, na década de 90, e marcado como o único caso em Espanha onde o relatório da policia aponta para fenómenos inexplicáveis [paranormais], Verónica marca o regresso de Paco Plaza à realização depois de (REC) 3 Genesis. Apesar de 7 nomeações aos principais prémios do cinema espanhol, entre elas a de melhor filme e melhor realizador, este não é de todo um retorno em grande forma do cineasta valenciano, até porque Plaza parece querer continuar mais a piscar os olhos a Hollywood, usando todos os truques banais do cinema comercial de horror, do que propriamente criar um caminho diferente e seu.

Depois de apelar aos espíritos com recurso a um tabuleiro Ouija, uma adolescente vai ser atormentada por fenómenos inexplicáveis que vão colocar toda a familia em risco. Verónica, o filme, começa no final, com a polícia a ser chamada, mas rapidamente regressa a uns dias antes desse momento para nos presentear com eventos esteticamente aprimorados, personagens e lugares comuns, sustos em série essencialmente baseados no aumento do volume e da aplicação de uma banda-sonora original que faz lembrar alguns dos clássicos de horror dos anos 80 (Pesadelo em Elm Street; Poltergeist).

Já a ação passa-se nos 90, ficando a tarefa de regressar a esses tempos nos décors, no guarda-roupa, nos cabelos e caracterização, bem como nas inúmeras músicas espanholas dessa década, com os Herois Del Silencio em grande destaque.

Mas se o filme nunca realmente provoca sustos de maior para os mais experientes no cinema do género, até porque estes sabem bem os códigos do horror, também é verdade que pelo menos existe sempre uma atmosfera gótica tenebrosa em torno de uma família disfuncional. Aqui, quem nos transmite isso mesmo – acabando por ser o melhor do filme – é o elenco de jovens e o seu relacionamento. E isto também porque a única adulta em cena (tirando uma super estilizada freira cega que demonstra ao sentido estético e plástico de Plaza) é a mãe das crianças, frequentemente ausente. E no meio desses jovens há que falar de Sandra Escacena, a protagonista, talvez a única verdadeira potencial vencedora de um Goya como atriz revelação.

De resto, e por estas alturas, já se esperava mais de Paco Plaza, que com Verónica consegue apenas não sucumbir ao cliché de apresentar tudo isto em found footage

Pontuação Geral
Jorge Pereira
veronica-por-jorge-pereira Inspirado por uma história verdadeira no bairro de Vallecas, em Madrid, na década de 90, e marcado como o único caso em Espanha onde o relatório da policia aponta para fenómenos inexplicáveis , Verónica marca o regresso de Paco Plaza à realização depois de (REC) 3 Genesis. Apesar...