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«Super Dark Times» por Hugo Gomes

Facilmente o identificamos como um Stand By Me – Conta Comigo disfarçado, mas fora isso, este Super Dark Times é a típica exibição do melhor e do pior do estatuto de “primeira longa-metragem”. É um coming-to-age sob as promessas do macabro, ou é por esse indicio que a atmosfera se adensa, por entre jogos visuais e pequenas provocações lançadas de rompante ao espectador.

Jogos visuais? Sim, não esperávamos outra coisa de Kevin Phillips, que após a experimentação em curtas, avança de confiantemente para esta sua nova etapa.  Tendo trabalhado diversas vezes no departamento de fotografia de inúmeras curtas-metragens, é evidente a sua linguagem estética, enquanto tenta emparelhá-la numa narrativa com mais “olhos que barriga”.

Um “pequeno” crime entre amigos, jovens que enfrentam as adversidades da puberdade, leva-os a um turbilhão de violência, um fascínio por si levado como brisa através dos easters eggs de época (visto o filme ser centrado nos anos 90 somos confrontados com o boom dos videojogos ultra-violentos “que jogo é este?”), das paranóias colmatadas por estas personagens, em certo ponto, marginais desta sociedade de rótulos, e da inconsequência destes pensamentos reféns da imperatividade sexual. Mas todo este episódio que tão bem aludiria o Massacre de Columbine, é fragmentado pela inexperiência de Phillips em acertar no tom narrativo, em alargar os horizontes das suas personagens (sem falar da inexactidão do jovem elenco) e atribuir confiantemente coerência ao argumento, dispersado aqui por um prólogo e epílogo demasiado emancipados em simbolismos.

Super Dark Times é então isto: uma promessa que desvanece pela “inexperiência” do seu realizador. Como tal, o desafio foi incumprido, Kevin Phillips não é uma revelação no qual cruzávamos os dedos, nem nada que pareça. É um pretensioso sem o devido rigor.   

Hugo Gomes