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«Security» (Assalto ao Shopping) por Jorge Pereira

Lançado diretamente para vídeo nos EUA, Assalto ao Shopping é um thriller de ação com Antonio Banderas na pele de um ex-militar com stress pós traumático e com grandes dificuldades em encontrar um emprego um ano depois de deixar o exército. Desesperado, com as contas para pagar, e a viver longe da família, ele aceita ir trabalhar para um centro comercial de segunda linha. Na primeira noite é confrontado com uma jovem testemunha dum processo criminal que foge para o espaço para se refugiar de um grupo de bandidos que a quer silenciar.

O resto é ação pura e dura ao estilo dos anos 90, ao “melhor estilo” da cinematografia de Van Damme ou Steven Seagal, com Banderas a assumir um papel cliché algures entre John Rambo (em A Fúria do Herói) e John McClane (Die Hard – Assalto ao Arranha-Céus), procurando – juntamente com outros seguranças do espaço – evitar que os bandidos invadam o local e matem a rapariga.

Fortemente armados, os criminosos – que tanto parecem saídos de Os Mercenários como de Mad Max – são liderados por Ben Kingsley, um ator que se vai multiplicando em papéis de vilão sempre incutindo um caracter muito pessoal e com algum carisma. Aqui ele foge da estratégia excêntrica e histérica do que o vimos fazer este ano em Collide- A Alta Velocidade [1], comportando-se muito mais como um mau da fita frio, calculista e bastante contemplativo. Veja-se a cena final, com tudo aos tiros e ele a ouvir música quase num ato de meditação profunda (alguma da crítica americana brincou com o ator, apelidando-o de Zen Kingsley nesta obra).

Voltando aos seguranças do Shopping, estes funcionam como “Comic Relief” pois têm de lutar com aquilo que têm em mãos, muitas vezes parecendo que estamos a assistir a um Sozinho em Casa para adultos, onde não faltam inúmeras armadilhas feitas com instrumentos aparentemente inofensivos . Uma nota para o facto do realizador canadiano Alain Desrochers não esquecer o passado de Banderas e até a puxar a nossa memória para algumas sequências, especialmente no fim, a fazer lembrar Desperado, um trabalho de culto de Robert Rodriguez protagonizado pelo espanhol em 1995.

Em suma, Assalto ao Shopping é uma produção repleta de lugares comuns e que não traz absolutamente nada de novo, mas que felizmente tem a mínima consciência das suas limitações e que nunca cai no erro de querer ser levado muito a sério.


Jorge Pereira