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«Extortion» (Pesadelo em Férias) por Jorge Pereira

A morte dos videoclubes e o fracasso do Home Video em Portugal explica, parcialmente, porque um filme pobre como Extortion (Pesadelo em Férias) consegue estrear em sala, até porque estamos perante um thriller genérico mal executado e onde as maiores estrelas de serviço são atores secundários, facilmente enquadrados no chamado typecast de Hollywood: Barkhad Abdi (de Capitão Phillips), que aqui volta a ser uma espécie de Pirata (agora do Haiti), e Danny Glover, famoso na década de 80 e 90 por toda a saga Arma Mortífera, que aqui é um policia sério.

Kevin Riley (Eion Bailey) é um médico que, com a sua esposa Julie (Bethany Joy Lenz) e o filho (Mauricio Alemañy), parte para as Caraíbas para umas férias. Um dia, o trio segue num barco pela região, mas quando tencionam regressar a terra, e após alguns momentos de felicidade numa ilha deserta, não consegue, deixando-os à mercê do calor e da desidratação, na esperança que alguém os encontre. Esse alguém será um duo de pescadores, que embora os ajudem exigem uma recompensa choruda, fazendo da mulher e da criança “seus reféns”.

Extortion é o típico filme onde a suspensão voluntária da descrença tem de ser maior que o habitual, até porque o filme leva-se sempre muito a sério numa estrutura de história à la Jason Bourne – a de um homem contra tudo e contra todos. O problema é que tudo por aqui é pobre e pouco credível, a começar nas interpretações, passando pela realização (na forma de telefilme), e por um argumento sem chama que segue os lugares comuns da visão “gringa” de outros locais do planeta.

Mas a cereja no topo do bolo é a tendência do cinema de Hollywood em vender que por amor vale tudo. Que para salvar quem amamos não interessa o perigo que colocamos os outros, ou que, para os fins vale qualquer tipo de meio, sendo assim aceitável provocar acidentes, assaltos e até a morte de terceiros. Já o recente Collide [1] vendia essa “pomada” e Extortion faz o mesmo, tornando-se assim no seu conjunto um filme profundamente dispensável, quer no seu todo como nas suas partes…

 


Jorge Pereira