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Transformers: The Last Knight: esperemos que seja a última vez!

Arrancamos com o texto com uma controversa afirmação: Michael Bay é um autor desta Hollywood subjugada tecnologicamente. Pronto, está dito. Agora, se isto é um facto a ter em conta, e puxando pela chamada política dos autores que, de certa maneira, os envolve numa imunidade crítica, é com cada um, porque não é isso que vem à baila na confrontação desta “sucata” escarafunchando em outra “sucata”. Enquanto não seguimos então um novo efeito Verhoeven, fiquemos com o seguinte equívoco da industria estival.

O quinto Transformers é, de longe, o mais insuportável da saga. O porquê desta afirmação? Simples. Enquanto o cinema de entretenimento tende em inserir no seio da agenda de lufa-lufa um desenvolvimento empático com o espectador, Bay descarta completamente qualquer sobriedade nas suas personagens, acções, tramas, efeitos e todas as consequências trazidas por esse extremo ego.

Falta world building (termo utilizado para a construção de uma mitologia, de uma atmosfera, um ambiente, neste caso a desculpa de vender mais brinquedos e merchandising), não existe dedicação do material, há um desleixo na construção das suas personagens e uma dependência vinculada nos movimentos de câmara que tão bem mimetizam um videojogo. E não nos estamos a referir apenas ao plano americano à lá Bay, das longas sequências a lisonjear as forças militares americanas, da bandeira que baila ao vento, dos enésimos product placements que se camuflam como easter eggs e … pela quinta vez … o dispositivo narrativo do mundo em perigo por um iminente apocalipse (a esta altura já bocejamos com as imagens de destruição e do bye bye monumentos protegidos pela UNESCO).

Não, referimo-nos ao ritmo epiléptico induzido na narrativa, às mil e uma coisas a acontecerem no grande ecrã sem a percepção do espetador, os diálogos formatados e sem emoção, o agravamento da continuidade com a saga, a descartabilidade dos eventos e a falta de noção e de astúcia para conduzir isto como um espectáculo circense. Pois, porque nem para isso serve. Gastamos 200 milhões … nisto. Um “filme” que nos deixa mudos, mas devido ao cansaço psicológico causado por esta anarquia mais anárquica, que nem serve sequer para o conseguirmos apelidar de cinema experimental. Apre!