Sábado, 20 Abril

«King Arthur: Legend of the Sword» (Rei Artur: A Lenda da Espada) por Hugo Gomes

A Espada era a Lei, mas nas mãos de Guy Ritchie só vemos a desordem. Eis um tratamento puramente estilístico da velha história de espadas cravadas em rochas, senhoras do lago e magos repletos de profecias que esbarrou com o tom caótico do realizador britânico. Nesse sentido, é difícil não assumir que estamos perante um filme da sua autoria: os slows vaivém, as lutas corpo-a-corpo e os voluntariamente atrapalhados planos de golpes sob a consciência do humor negro, tendem em marcar posição na enésima narrativa de A a B com “escolhidos” pelo caminho e uma narrativa despedaçada pelo constante “fast forward”.

O que funcionou em Sherlock Holmes falha redondamente nesta jornada a Camelot, uma obra aplicadíssima às temáticas e linguagem dos modelos de entretenimento atual, contraindo uma estrutura endereçada aos videojogos (depois deles invejarem o Cinema, é a vez deste último cobiçar a plataforma do primeiro). Convém dizer que Charlie Hunnam (que encontrou melhor sorte em The Lost City of Z, de James Gray) não é certamente o nosso tão procurado monarca, nem sequer um herói com que devidamente nos preocuparíamos, onde é evidente a sua falta de carisma. O resto da equipa, estes cavaleiros da távola redonda, é pura e dispensável palha para contribuir para duas horas de vazio; histórias mais antigas que o tempo e que mesmo assim, não se assumem expiradas. Guy Ritchie fracassa e com essa sua incapacidade desperdiça uma aventura que salienta uma preocupante falta de ideias.

Quando é que Hollywood vai aprender a lição? Ou melhor, quando é que vão terminar estas ditas produções suicidas? Não estará o espectador cansado destas sofisticações que não são mais do que mofo cinematográfico? Sendo assim, mais vale seguir os conselhos dos Monty Python na busca pelo Calice Sagrado: “On second thought, let’s not go to Camelot, ‘tis a silly place” (Pensando melhor, não vamos para Camelot, é um sítio parvo).

O melhor – se quisermos desculpar os maneirismos artísticos de Guy Ritchie
O pior – se não quisermos desculpar os maneirismos artísticos de Guy Ritchie

Hugo Gomes

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