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«Life» (Vida Inteligente) por André Gonçalves

Uma equipa de meia dúzia de cientistas a bordo descobre que há vida em Marte, para se aperceber que esta não devia ter sido interferida. Atacando os passageiros da nave um a um, o alienígena torna-se uma ameaça para a vida humana tanto na nave, como para o planeta Terra, caso esta cumpra a sua rota…  
 
Vida Inteligente” retoma assim a narrativa “monstro no espaço” para o grande ecrã. Claro que em 38 anos foram poucos os que tentaram suceder a “Alien – O Oitavo Passageiro” de Ridley Scott, e a ver esta nova inteligência em ação percebe-se o porquê… é que “Alien” fez tudo dentro do que se podia fazer numa nave com humanos e um alienígena ameaçado. “Vida Inteligente“, no muito que consegue fazer bem, não o faz diferente (há até uma cena com um localizador a meio do filme …), e o que efetivamente faz de diferente, tem herança de outro filme recente que é no fundo o pai da ficção científica pós-contemporânea americana: “Gravidade”. Toda a “tontura de câmera”, com objetos a voar e tudo, testemunhada em pleno na sequência pré-titulo volta a impressionar, cortesia agora de Daniel Espinosa (“Child 44“). Mas é uma impressão com memórias bem recentes.  
 
Passando este pequeno grande defeito que é a falta de originalidade e a consequente ausência de voz própria na cadeira do realizador, há aqui um filme bastante eficaz a operar. Uma eficácia “série B” – com orçamento e atores série A – que prova ser bastante cativante. O elemento de choque em pontos-chave ainda assim persiste (o que é extraordinário, dado que, lá está, estamos a assistir a um híbrido de pelo menos dois marcos do género). o design dos cenários e da criatura são de ponta, e os atores, mesmo sendo carne fácil, formam uma unidade coesa, em linha com o que o filme pede deles. Para além disso, há um elemento curioso de “defesa pessoal” ao invés da “personificação pura do Mal” da criatura, com contornos obviamente políticos – mas quando um filme elogia no início a soberania da China, da Rússia e dos Estados Unidos, é difícil ler-se muito mais sobre isto. 
 
E claro, se o novo “Alien” de Scott for tão bom como isto já podemos todos dormir menos descansados…  
 
O melhor: a eficácia 
O pior: a clara falta de originalidade
 
André Gonçalves