- C7nema.net - https://c7nema.net -

«Trespass Agains Us» (Código de Família) por Jorge Pereira

A história do criminoso que quer fugir ao legado familiar e dar uma vida diferente aos seus filhos já passou por diversas vezes no cinema e este Trespass Agains Us deveria apoiar-se em mais que essa temática cliché e nos atores que tem. Até porque o realizador Adam Smith, habituado a trabalhar em videoclipes e anúncios publicitários, aqui na sua primeira longa-metragem, nunca mostra grande engenho para criar algo único ou realmente atraente para nos cativar. Se as personagens passam os dias aparentemente a não fazer nada, entre alguns roubos e quezílias com a policia, a sensação com que se acaba o visionamento é de verdadeira pasmaceira.

No filme acompanhamos uma familia errante (baseada numa família verdadeira de viajantes de Gloucestershire) que vive dos pequenos crimes que faz. O patriarca, Colby (Brendan Gleeson), comanda a vida de todos e parece pouco afoito à mudança, preferindo contar as suas próprias histórias e dizendo que os mais pequenos não devem acreditar naquilo que a escola diz (como a Terra ser redonda). Sim, na verdade, Colby é um defensor da teoria criacionista cristã, negando a teoria da evolução, mas em momento algum se tenta fazer realmente um estudo introspetivo sobre o seu carácter, preferindo-se uma visão superficial, autoritária e desfocada.

Por seu lado, Chad (Michael Fassbender) quer dar aos seus filhos as oportunidades que nunca teve (não sabe ler nem escrever, por exemplo), mas as suas intenções e sonhos esbarram também numa personagem que nunca nos convence verdadeiramente. Na verdade, tudo por aqui parece mais caricatural do que “real”. É que até o uso do calão e o carregar nos sotaques parece – algumas vezes – deslocado e forçado.

Por isso, Trespass Against Us – que vai buscar o seu nome a uma passagem da bíblia citada por Gleeson -, acaba por desperdiçar um duo de atores carismáticos que nem se esforçando consegue entregar um filme minimamente interessante.

O Melhor: Os atores
O Pior: A sensação que já vimos este tema muito melhor explorado e que pouco ou nada acontece durante o filme


Jorge Pereira