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«The Trust» (Polícias Corruptos) por Jorge Pereira

Jim Stone (Nicolas Cage) e David Waters (Elijah Wood) são dois policias que trabalham na unidade forense da Polícia de Las Vegas, gerindo as provas e apreensões que fazem em cada um dos casos que lhes são atribuídos. Quando descobrem que um dos detidos por tráfico de droga tem acesso a alguém com bastante dinheiro, decidem dar um golpe, não imaginando com quem se estão a meter.

Típico filme de golpes que dão para o torto, The Trust (Polícias Corruptos) é um tiro no pé da dupla de realizadores Alex e Ben Brewer, bem conhecidos no circuito dos videoclipes, mas que aqui, e apesar de criarem um ambiente elegante e visualmente estimulante, nunca sabem bem gerir o humor negro que tentam incutir nas suas personagens baças. Não será totalmente errado dizer que esta dupla de irmãos encontrou noutro duo – os Coen – a influência para muitos dos diálogos, personagens e eventos, mas no final a colagem de cenas atrás de cenas acaba por revelar um objeto remendado e pouco interessante.

No campo das personagens/atores, Nicolas Cage oferece uma espécie de “best of” dos seus trabalhos em papéis semelhantes. Com uma postura entre a excentricidade e imprevisibilidade, a fazer lembrar o seu papel em Policia Sem Lei, por exemplo, Cage enche o ecrã com os seus habituais truques baratos e tresloucados, oferecendo a espaços alguns sorrisos (aquele telefonema para a Alemanha, por exemplo), mas sempre com a ideia que já o vimos assim noutro filme qualquer.

Já Elijah Wood é mais reservado, o habital contrabalanço para a personagem de Cage. Ao ser um agente/ladrão “com coração”, Wood oferece aquilo que já nos habituou ao longo da sua carreira, ou seja, uma forma padrão de atuar: a mesma de Senhor dos Anéis, Dirk Gently e muitos outros filmes em que é convencido por alguém a embarcar numa jornada que não tem bem a certeza se quer.

Se estas duas personagens até podiam se complementar ou chocar para gerar uma verdadeira tensão dramática, a verdade é que isso não acontece na sua plenitude, principalmente pois não parece existir grande quimica entre os dois. E isso sente-se desde o início, mas é no último terço que se nota mais, quando as duas partes colidem nos objetivos e os cineastas avançam com diversas decisões que nos deixam de “pé atrás” – quando o objetivo de seria certamente que ficassemos de “queixo caído”.

Pelo meio ainda temos o prazer de ver Jerry Lewis no papel de pai de Cage, mas a sua presença é tão curta que falar nele é apenas uma mera nota de rodapé (o mesmo se pode dizer de Sky Ferreira).

Por isso, e na sua essência, Polícias Corruptos é o típico “Caper Film” que não consegue triunfar em nenhuma das suas pretensões: não é um bom thriller, um bom “heist“, ou tão simplesmente uma boa comédia negra.

O Melhor: Algumas sequências protagonizadas por Cage
O Pior: O último terço varia entre o tédio e o caricato sem grande nexo


Jorge Pereira