Sexta-feira, 29 Março

«xXx: Return of Xander Cage» ( xXx: O Regresso de Xander Cage) por Hugo Gomes

Com que então Xander Cage está vivo! Matá-lo foi uma decisão a qual os produtores cedo arrependeram-se –  tendo em conta os resultados pouco animadores da sequela / spin-off de 2005, onde substituíam o ascendente Vin Diesel por um Ice Cube em extremo modo de “grumpy cat”.

Passados 12 anos, eis que surge a continuação “digna” do sucesso de 2002, um filme apenas possível graças ao desespero da sua estrela em agarrar os seus antigos êxitos. Parece que os problemas são os seus fãs, estes que estiveram nas “tintas” para a sua tentativa ao Óscar em Mafioso Enquanto Baste (provavelmente o filme mais “cinematográfico” da carreira de Diesel, sob as ordens do lendário Sidney Lumet), salivando apenas para mais entretenimentos instantâneos, como manda esta Hollywood tão Bollywood. Consequência? É ressuscitado Velocidade Furiosa, pelo meio um Riddick e agora esta aspiração de outros tempos –  um xXx demasiado preso ao narcisismo da sua estrela.

O filme é uma versão “light” de Fast & Furious, com Vin Diesel a formar uma nova equipa sob os mesmos moldes culturais e com missões de “encher chouriço” para longas e toscas sequências de ação que nada adiantam ao enredo. Não é que procurássemos nesta “aventura” um dos pilares máximos do cinema enquanto Sétima Arte, mas o efeito paródia que o original transpirava é desfeito por uma produção igualmente séria e desmiolada. Personagens descartáveis, cameos desnecessários (Neymar entra na industria pela “porta pequena”), diálogos sem utilidade e gags previsíveis e sem criatividade fazem as “maravilhas” dos espectadores.

Vale pelo pouco “malabarismo” marcial de Donnie Yen, cada vez mais requisitado nas produções hollywoodescas (ao contrário de Tony Jaa, que nunca é devidamente utilizado). Quanto ao resto… bem, o resto é engodo. Um aperitivo somente apropriado para quem não aguenta esperar pelo oitavo filme de um certo franchise bilionário. Se é para brincar aos “espiões”, fiquemos com a classe politicamente incorreta de Kingsman.

O melhor – O arranque com Neymar

O pior – perdeu-se o tom paródico, ganhou-se aspirações a Velocidade Furiosa, e fora isso, o costume neste tipo de produções fast-food.

Hugo Gomes

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