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«El Destierro» por Hugo Gomes

El Destierro é a prova de que Arturo Ruiz Serrano precisava, passando das curtas elogiadas em inúmeros festivais para a sua primeira longa-metragem. 
 
O Desterro desta história leva-nos aos anais da Guerra Civil Espanhola para espelhar fantasias de poligamia sob certos contornos feministas. Um posto de vigia numa remota região (o filme foi filmado nas ilhas Baleares), onde dois sentinelas, que divergem ideologicamente um do outro, encontram uma misteriosa mulher polaca. Sem saber o que fazer com ela, os dois homens acabam por aceitar os termos propostos por esta “femme”, que para sobreviver ao rigoroso Inverno tomará o lugar de esposa para estes “solitários” militares.  
 
El Destierro é meticuloso no seu minimalismo argumentativo, colocando diversas vezes o espetador à deriva de uma intriga com poucas respostas e background definidos pelas personagens. É uma posição ingrata, mas necessária, a audiência nunca sabe mais que estes “peões” dum prolongado jogo de sedução. 
 
Contudo, existe na obra de Arturo Ruiz Serrano uma certa urgência para resolver assuntos pendentes quando ao feminismo representado no grande ecrã, a mulher, interpretada por Monika Kowalska, é um subliminar panfleto dessas ideologias crescentes, salientando diversas vezes um papel faz-de-conta que é o de dona de casa para incutir reservadamente a posição da Mulher na sociedade atual. Infelizmente, este seu discurso termina como um incrédulo amontoado de palavras que traem a personagem num ápice, até porque este enredo, que segue sobre uma simplicidade exemplar, erra em permitir tais ideologias proclamadas enquanto a personagem metamorfoseia em algo mais rudimentar. 
 
Apesar dos deslizes, El Destierro tende em aguentar-se graças a um forte alicerce que consiste nos desempenhos (nomeadamente Juan Carles Suau) e numa belíssima fotografia (autoria de Nicolás Pinzón Sarmiento) que capta a indomável terra árida que serve de cenário. Arturo Ruiz Serrano não desaponta nesta sua estreia no formato de longas, mas faltava-lhe sobretudo mais sangue na guelra para sair da lógico do exercício cinematográfico. Enfim, vê-se com interesse.
 
O melhor – os desempenhos, a simplicidade e a fotografia
O pior- a personagem de Monika Kowalska
 
 

Hugo Gomes