Quinta-feira, 25 Abril

«Miss you Already» (Já Sinto a Tua Falta) por André Gonçalves

Já Sinto a Tua Falta” é um filme sobre o cancro, a maternidade, e a amizade de longa data que une duas mulheres, e que é testada quando as suas condições se desequilibram. Milly (Toni Collette) sempre esteve habituada a liderar e a ter uma vida mais folgada.. até ao dia em que lhe é diagnosticado cancro da mama. Ao mesmo tempo, Jess (Drew Barrymore), numa existência mais recatada, tenta finalmente ser mãe.

Parecendo inicialmente um “Frankenstein” de uma panóplia de argumentos dirigidos a um público historicamente mais feminino (“Beaches” e mais uns quantos), o filme encontra alguma verdade e até alguma originalidade no meio desta reciclagem. É com apreço que, por exemplo, testemunhamos a relativa coragem em retratar o desequilíbrio natural de forças e fortunas que ocorre em qualquer relação de uma forma convincente e bem empacotada. E pese o filme nunca perder a nossa simpatia por qualquer uma das carismáticas protagonistas (a coragem não chega a tanto, afinal!), o argumento de  Morwenna Banks vai aqui e ali encontrando maneiras tocantes de contornar a quase inevitável vitimização da sua protagonista. 

Há lágrimas para verter, sim, mas há também uma mão que vai evitando aqui e ali a saída mais óbvia e que vai transformando momentos potencialmente lamechas em saídas dignas (os últimos momentos do filme constituindo a prova máxima disso). Há afinal aqui uma personalização do drama – Banks perdeu não uma, mas três amigas para o cancro. Claro que no meio disto tudo há também a química algo improvável das atrizes Drew Barrymore e Toni Collette, competentes e usando todo o carisma que nos foram habituando.  

Longe de ser considerada uma autora, a realizadora Catherine Hardwicke especializou-se em mundos onde as mulheres tinham uma última palavra, de onde se destacam as longas-metragens “Treze – Inocência Perdida” e “Twilight“. “Já Sinto a Tua Falta” completa para já um trio de obras interessantes, que cumprem com alguma honestidade os seus propósitos mais ou menos fantásticos. 

O melhor: o impacto emocional bem gerido. 

O pior: a reciclagem óbvia de conceitos. 

André Gonçalves

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