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War Dogs: Tudo Cães Danados

“I don’t care if it’ s legal! It ‘s wrong”, dizia Bridget Moynahan em relação ao comércio de armas levado a cabo pelo protagonista de “Lord of War”. Toda esta confrontação ideológica como um esquema de “smartest guy in a room” serviu de tour de force para Nicolas Cage, a marioneta escolhida por Andrew Niccol nesse sleeper de 2005.

Onze anos depois, surge o revisitar, não como a assumida sequela ou spin-off do mercador de arsenal, mas ao “lugar-comum“, um incómodo para todos aqueles que veneram um certo paternalismo hippie. “War Dogs” é um improvável em todo este cenário, dirigido pelo “orquestrador” do êxito de “The Hangover” e produzido por um dos maiores estúdios de Hollywood, eis um episódio de ascensão e queda sob tiques à la gangster que revela o armamento como uma questão de artimanha. Novamente o limiar da legalidade e do maniqueísmo exorcizado em um reconto de cinismo e de falsas-filosofias, tendo como protagonismo duas iguais estrelas de ascensão (Jonah Hill e Miles Teller a preencher os requisitos de duo dinâmico).

Tal como acontecera com “The Hangover”, Todd Phillips é versátil em construir rápidas relações de camaradagem, mas continua fraudulento no que requer a trazer humanidade a todo este ácido cenário de conselhos pagos. É verdade que esta fraqueza não seja inteiramente culpa do nosso realizador, até que esta “chico-espertice” contém camadas próprias para a auto-comercialização do produto, vendendo-se como um comédia negra buddie até culminar numa crítica passageira e inofensiva “encavalitada” no mesmo esquema narrativo.

É um Scorsese que tresanda, a narração quase indulgente de “The Wolf of Wall Street” até às trocas e baldrocas das etapas narrativas de um “Casino” (por exemplo), tudo em prol do conto, segundo eles. Nada de alarmante, visto que este “faz-de-conta” não é de todo um exercício escusado, mas falta-lhe sumo para chegar aos calcanhares do seu parente mais próximo – “Lord of War” – assim como eficácia em deslocar-se para fora do modelo exposto, até porque novamente temos uma cumplicidade “espetada” num universo tão míope e egocêntrico.