Quinta-feira, 25 Abril

«The Man who Knew Infinty» (O Homem que Viu o Infinito) por Hugo Gomes

É possível que qualquer produtor encontre na história verídica de Srinivasa Ramanujan, um génio autodidata oriundo da Índia, numa potencial “entrada” para o Kodak Theatre, até porque matemática e sobredotados possibilitaram o Óscar a Ron Howard no seu puramente académico Uma Mente Brilhante, em 2001. Porém, o génio é aqui outro, um desconhecido pelo grande público (a recente discussão da “multiculturalismo” no cinema de Hollywood seja uma das prováveis causas para a adaptação destas notáveis personalidades) como também um dos maiores do seu tempo, visto que os seus conhecimentos serviram como “alavanca” para o estudo da gravidade relativa e da natureza dos “buracos negros“, anos mais tarde. 
 
Mas a verdade é que as suas descobertas foram relevantes para o nosso entender deste Mundo que habitamos, mas para os envolvidos deste O Homem que Viu o Infinito, Ramanujan é apenas mais um na lista de biopics convencionais e de apetite “devorador” por estatuetas. Dev Patel (os “chairman” dos grandes estúdios parecem só conhecer este ator para jovens indiano) interpreta esse génio com uma indiferença avassaladora. Este não é certamente o seu papel, e muito menos a personagem que uma cinebiografia desta magnitude necessitava. O nosso protagonista é um homem que sonha e fantasia com equações e fórmulas, porém, desconhece verdadeiramente a formatada base no qual está inserido.
 
O Homem que Viu o Infinito preocupa-se mais em ser um primo pobre de Uma Mente Brilhante do que um retrato intimista do subvalorizado génio que serve de inspiração. O filme dirigido por Matt Brown (a sua segunda longa-metragem) tende em apostar numa corriqueira narrativa que interage com os habituais lugares comuns do género (este tipo de produções parecem tornar vidas em fotocópias umas das outras). 
 
Em acréscimo temos Jeremy Irons como a personagem que o filme verdadeiramente foca, um matemático ateu que por sorte não caiu às terríveis “garras” da evangelização cinematográfica. Até porque, como já é conhecimento do espetador, todas as personagens isentas de crença são duas uma, vilões ou sujeitos frágeis que a certa altura redimem e encontram o seu “salvador“. A personagem de Irons por pouco entrava no segundo registo, felizmente, Matt Brown provou que mesmo assim que não “papa” todas as fórmulas cinematográficas. 
 
Eis um filme longe das infinidades narrativas e técnicas. Somente mais um, para ver e esquecer no dia a seguir. Quanto a estatuetas? Nem de perto! 
 
O melhor – Esquivou-se a “evangelização“!
O pior – a mesma fórmulas de que é feita 90% dos biopics
 
 
Hugo Gomes
 

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