Terça-feira, 16 Abril

«Baden Baden» por João Miranda

 

Há uns anos, Nathan Rabin inventou o termo “Manic Pixie Dream Girl” para descrever um tipo de personagem feminina caracterizada pelas suas peculiaridades e cujo propósito era unicamente ensinar o protagonista masculino, que inevitavelmente se apaixona por ela, a viver a vida. Ana em Baden Baden é uma Manic Pixie Dream Girl. Sim, podemos argumentar que, sendo a narrativa focada nela e havendo mais do que um interessado, há alguma inversão desse papel e que a forma como a sexualidade de Ana é mostrada é vagamente refrescante, mas não deixa de ser isso mesmo e o final apenas parece confirmá-lo.

Começamos com Ana a trabalhar no set de um filme, de onde leva “emprestado” o carro alugado que conduz e que devia devolver, aproveitando-o para ir até à sua cidade natal. Aí, sem saber bem o que fazer, reencontra-se com a família e os amigos e envolve-se em projectos mirabolantes que a levam a conhecer mais pessoas. À exceção de duas ou três personagens, todas as outras desaparecem quase tão inesperadamente como apareceram, não se percebe se por falta de tempo, de verba ou de vontade. O problema é que a personagem de Ana não é fascinante o suficiente (ao contrário do que ela própria parece pensar) para manter um filme e as poucas relações que tem são fugazes ou secundárias, não se conseguindo atingir qualquer profundidade individual ou interpessoal.

Se o filme é estilisticamente independente, tecnicamente não se passa nada que seja surpreendente. Imagem e edições sem grandes riscos ou invenção, não haverá aqui cenas memoráveis. Um filme mediano com um tema que não impressiona.

O Melhor: O conceito de inverter a Manic Pixie Dream Girl, pena que não cumpra o que promete.
O Pior: O final, irredimível.


João Miranda

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