Sábado, 20 Abril

«The Boy and The Beast» (O Rapaz e o Monstro) por João Miranda

Ren é um miúdo de 9 anos que foge de casa depois da morte da sua mãe. Nas ruas de Tóquio é abordado por duas criaturas que procuram um pupilo para uma delas. É o monstro do título à procura de um pupilo para tentar tornar-se digno de se tornar senhor dos monstros. Apesar da relação mestre-pupilo, ambos vão aprender muito um com o outro e crescer, tanto pelos treinos, como pelas situações em que se vão encontrar. Esta é a base de O Rapaz e o Monstro, realizado por Mamoru Hosoda, que nos trouxe antes The Girl who Leapt through Time e Summer Wars (http://www.c7nema.net/evento/item/38058-criticas-do-indielisboa-summer-wars-por-joao-miranda.html). Tal como esses dois filmes, este também é irreprensível a nível da animação, ambicioso a nível do que pretende fazer e, no final, incompleto e com falhas.

Com uma estrutura tripartida, O Rapaz e o Monstro apresenta-nos de forma esquemática as suas personagens (principais e secundárias), deixando várias perguntas por responder. A coerência, quer de ritmo, quer de estilo, entre as diferentes partes também deixa a desejar, quase parecendo que se trata de filmes diferentes. Mas esses detalhes não fazem com que seja um mau filme. Ambicioso no que se propõe, explora temas que vão desde o que é ser humano, a masculinidade, as relações e os conflitos interpessoais, até à Filosofia e o que é ser forte. Sim, podemos acusá-lo de ter um foco bélico, mas são as relações e a filosofia que o mantêm. Se no final se perde um bocado num conflito (absolutamente espectacular) com uma personagem secundária que ganha protagonismo bastante tarde, é também nessa parte que Hosoda se concentra na componente emocional e na necessidade das outras pessoas.

No meio de tantos filmes cheios de heróis individualistas com noções de força limitadas ao físico ou à capacidade bélica, O Rapaz e o Monstro consegue atrair esse público e apresentar-lhe valores diferentes numa capa semelhante. Imperfeito, sim, mas muito interessante.

O Melhor: Os valores; a animação.
O Pior: As pontas soltas; o foco no conflito.


João Miranda

 

 

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