Quinta-feira, 25 Abril

«The Canal» (The Canal – Entidade Sinistra) por Hugo Gomes

Ao espreitar este The Canal – Entidade Sinistra, apercebemo-nos automaticamente da corrente de lugares-comuns que o cinema terror parece hoje desaguar. É um facto de que todos os géneros sofrem do mesmo, mas é neste sector que este aglomerado de clichés nos indicia um extremo cansaço, conforme seja o autor.

The Canal, escrito e dirigido por Ivan Kavanagh, é um dos exemplares da chamada vanguarda do cinema de terror irlandês, que aos poucos tem marcado a sua presença em festivais de cinema e nas plataformas direct-to-video (mercado VOD nos dias que correm).

O que encontramos aqui é com a enésima história de assombração e tormentos psicológicos que irão condicionar o protagonista (Rupert Evans) da sua realidade. Um cardápio intenso com tudo aquilo que temos direito nesta obra que tanto deve ao recente Sinister – Entidade do Mal, o não tão memorável filme de Scott Derrickson, reunindo uma “mixórdia” de vídeos de crimes com fantasmas assassinos.

E é nesta corrente de evidências que se aponta para mais uma tentativa de susto, cujos elementos estão alicerçados à sua espampanante banda-sonora e tiques visuais saídos da escola de videoclipes. É pena que tudo corra como planeado, ou seja, seguindo aos códigos do terror instantâneo. Até porque, para sermos sinceros, existem aqui alguns valores a reter, principalmente o elenco que se esforça em fugir aos bonecos unidimensionais que representam e algum fulgor do visual bem aprumado. Nessa ode, The Canal presenteia-nos com algumas sequências verdadeiramente arrepiantes, mas desvanece-se com uma narrativa que mete medo ao susto.

Dito e feito, quem viu poucos filmes do género vai sobretudo surpreender-se, caso contrário, o efeito “déjà vu” faz parte dos “ossos do ofício”.

O melhor – alguns sustos bem aproveitados …
O pior – … outros, nem por isso!


Hugo Gomes

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