Quinta-feira, 28 Março

«American Ultra» por André Gonçalves

 

Não vejo muitos pares de Hollywood tão bons ou melhores em cena que o casal Kristen Stewart e Jesse Eisenberg – tinham contracenado antes no subvisto Adventureland, contracenam agora no já subestimado American Ultra, e faço figas para que futuras colaborações surjam.

A química entre este duo é tão forte que é um excelente ponto de partida para aceitarmos tudo o que acontece neste filme – com a sua premissa já minada de termos um ex-agente da CIA tornado “janado” com o branqueamento de todo o seu historial assim que o programa é cancelado, e que entretanto é reativado para salvar a sua própria vida.

Confusos? Não fiquem. American Ultra é apesar de tudo bastante simples na sua abordagem, lembrando-se (e lembrando-nos) que ainda é um filme de verão, por sinal um dos mais inventivos e surpreendentes que 2015 viu.

Esta mistura de loucura, hiperatividade minada e romantismo “in extremis” sob um protótipo de um candidato (falhado, infelizmente) a blockbuster de verão pode não ser perfeita, mas este é daqueles casos em que o gozo óbvio que a equipa teve a produzir a obra consegue contagiar plenamente para o espectador, deixando uma satisfação maior que muito caso de sucesso dos últimos meses. Os diálogos são na maioria dos casos tão explosivos como as explosões efetivas que ocorrem, e as sequências de ação e as reviravoltas narrativas, se importadas de outros formatos, cumprem todas as expectativas de um viciado em adrenalina.

A título de choque adicional: esta é a segunda longa-metragem do realizador Nima Nourizadeh, o mesmo responsável pelo execrável Projeto X [ler crítica], provando que às vezes, vale mesmo a pena dar uma segunda oportunidade às pessoas…

O melhor: o “minanço” e o bom gosto de mãos dadas durante quase todo o tempo de duração.

O pior: algumas cedências eram dispensáveis (incluindo um certo plano em câmara lenta).


André Gonçalves

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