May é uma noiva residente em Nova Iorque que regressa à sua terra natal no Amã para aí preparar o seu casamento com a sua família. A mãe, divorciada do pai norte-americano, não aceita o casamento, pois o noivo de May é muçulmano e a família é cristã. À medida que o tempo passa, May vai tendo cada vez mais dúvidas sobre o casamento.
A sinopse só por si chama a atenção pelos motivos óbvios (contraste político-religioso), mas O Verão de May não sai infelizmente muito da superfície e, no final de contas, é só ligeiramente melhor do que as comédias românticas que a máquina de Hollywood fabrica.
Nota-se que é um projeto pessoal, ou não fosse Cherien Dabis realizadora, argumentista e ainda protagonista, no papel de May. Esta sua segunda longa-metragem espalha simpatia e honestidade no seu retrato, mas é também simplista no seu panfletismo político ao colocar frente a frente o Médio Oriente e o Ocidente dominado pelos Estados Unidos, em situações que só serão novidade para quem não está suficientemente informado ou para quem viu poucos filmes, Num momento ou outro (i.e. numa “gaffe” ou outra), sai cá para fora a impressão de que há aqui uma tentativa mais sofisticada de refazer a sequela de Sexo e a Cidade, agora em família (nem por acaso, a protagonista calha também ser escritora!). Tomara Carrie e companhia terem diálogos assim tão inteligentes na sua mais recente adaptação cinematográfica é certo; por outro lado, O Verão de May nunca ofende, o que se revela algo contra-producente para um filme que se quer memorável no seu ar tão liberal sobre o presente, onde nem falta sequer uma personagem “queer” pelo meio…
Não ofendendo nem se desviando muito das regras do jogo, salvo uma rara excepção já quase em cima dos créditos finais, O Verão de May vê-se sempre bem, mas precisaria de mais motivos para ser descoberto em sala.
O melhor: A simplicidade, simpatia e boas intenções.
O pior: O excesso dessa simplicidade converte-se num filme sem nada de novo para dizer
André Gonçalves
