Quinta-feira, 18 Abril

«Danny Collins – Nunca é tarde» por Hugo Gomes

Depois do deslize que foi Jack & Jill, onde atuava ao lado do cómico Adam Sandler, o ator Al Pacino decidiu por fim reconciliar-se com o cinema através de um conjunto de filmes mais pessoais. Nesse leque encontramos The Humbling (A Humilhação), de Barry Levinson, Manglehorn, de David Gordon Green, e por último este Danny Collins, realizado pelo mesmo cineasta que escreveu o muito simpático Amor Estúpido e Louco. Porém, esta história de redenção pessoal baseada na experiência do cantor folk Steve Tilston poderá ser o mais fraco do anterior leque de exemplares.

Aqui, Pacino interpreta uma célebre estrela rock que sobrevive à conta de êxitos do passado e da sua imagem de marca. A sua vida altera-se por completo após descobrir uma carta escrita por John Lennon dirigida a si. Danny Collins é um veiculo para a sua “estrela”, esse gigante da interpretação americana que brilha sob uma modéstia invejável, mas o filme em si é tudo menos modesto.

Recorrendo aos mais variados lugares-comuns da “trip” emocional, esta é uma obra que tem como principal objetivo comover o espectador, mesmo que o faça perante uma filosofia de vida de pacotilha que evidencia claramente o já óbvio: Hollywood dificilmente nos presenteia com algo de novo, apenas formulas e clichés. Ainda assiim, esta jornada algo insípida tem um grande mérito, o de não entediar profundamente, embora a sua previsibilidade a torne tudo menos algo memorável após o visionamento.

É sim uma obra que vale pelos seus atores (e atenção que não são todos), onde Al Pacino conduz a sua personagem com uma simplicidade natural, enquanto que Christopher Plummer é sempre um senhor digno de visitar, e Bobby Cannavale esforça-se em “nadar contra a sua própria maré”. Isto por calhou-lhe o mais indecifrável das personagens desta intriga. Em relação a elas, Annette Bening, que se encontra recentemente “desaparecida em combate”, enche com alguma dedicação o grande ecrã, enquanto Jennifer Gardner, que mais valia estar quieta, é tudo menos credível.

Danny Collins, que por cá recebeu o tão batido subtitulo de Nunca é Tarde (até nisso o filme é um cliché pegado), é resumidamente um trabalho pouco inspirado. É que John Lennon inspirou a personagem, mas não o filme.

O melhor – O elenco (com exceções)
O pior – Demasiado previsível e formatado


Hugo Gomes

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