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«Kung Fury» por José Raposo

É o filme sensação do momento: à altura da escrita deste texto já são mais de 11 milhões os visionamentos no Youtube. Há quem diga que vai destronar o Gangnam Style, o teledisco do Psy que já toda a gente viu. Prognósticos só no final, mas se há alguém à altura desse recorde é capaz de ser o Kung Fury, o héroi das arcadas do ano…2015.

A curta metragem de David Sandberg, estreada em Cannes no passado dia 22, foi há dias lançada online, voltando por assim dizer à casa de partida. Graças a uma campanha de crowd-funding de estrondoso sucesso no Kickstarter (entretanto o filme recebeu também apoio do Instituto do Cinema Sueco – uma insituição moderna, sem fundamentalismos), Sandberg criou um universo histérico onde dramatiza alguns dos lugares comuns mais reconhecidos da séries televisivas e filmes série B dos anos 1980.  O que surpreende aqui é a energia com que Sandberg se apropria de um conjunto de imagens icónicas, que vão dos “establishing shots” da Miami de meados dos anos 1980, a cenas de pancadaria a fazer lembrar videojogos como o Streets of Rage; ou, lá mais para o final, numa alucinante sequência de animação, aos desenhos animados do He-Man.

É território fetishista do culto ao retro, e nisso não há nada de novo. Mas a execução é avassaladora, e a confiança com que Sandberg coloca o seu herói a surfar um ferrari vermelho enquanto dispara tiros contra uma máquina de arcade robótica, faz lembrar a potência de um Tarantino em início de carreira. Com 30 minutos de duração, o filme nunca chega verdadeiramente a abrandar, e a sensação com que se fica no final é que acabámos de ver qualquer coisa como um Be Kind Rewind em ácido, e isso só pode ser bom sinal.

Polícias dinossauro, dinossauros que disparam lasers, um Thor velho e de barbas brancas (o Thor dos Vingadores é um impostor, que não restem dúvidas), viagens no tempo até à Alemanha Nazi. No final, ainda há tempo para uma aparição do Rei dos anos 1980, que como toda a gente sabe é o David Hasselhoff. Está cá tudo, num “over-the-top” capaz de despertar interesse na mais paralítica das múmias.

O melhor: Tudo.
O pior: Nada a apontar.


José Raposo