Quinta-feira, 28 Março

«The Homesman« (The Homesman – Uma dívida de honra) por Jorge Pereira

 

Depois de ter estreado em Cannes em 2005 Os Três Enterros de Um Homem, Tommy Lee Jones regressou ao certame com The Homesman – Uma dívida de honra, um western de contornos dramáticos que apesar de ficar uns furos abaixo da sua estreia mantém interesse para além das boas prestações do elenco e de toda a narrativa depender muito dessa entrega dos atores.

Aqui estamos no Nebraska, em 1855, e seguimos Mary Bee Cuddy (Hillary Swank), uma trintona de personalidade forte e temente a Deus que se encarrega de transportar um grupo de mulheres psicologicamente alteradas ao Iowa, local onde poderão finalmente encontrar refúgio, longe da cidade onde viveram situações que emocionalmente as devastaram. Pelo caminho, Mary Bee salva a vida de Briggs (Jones), um homem prestes a ser enforcado por ter ilegalmente ocupado uma casa alheia. É no relacionamento entre os dois, selado a cuspo (ela salva-o da morte, ele ajuda-a na travessia), que o filme encontra o seu propósito e é na prestação de Tommy Lee Jones e, especialmente de Hillary Swank, que se encontra o que por aqui há de melhor. Mary Bee é uma guerreira do isolamento, incapaz de atrair um noivo (eles dizem que ela é muito simples, “sem sal”), ou até um homem que a ajude na tarefa. A desgraça de Brigs é a sua sorte, acabando Swank por jorrar talento por todos os poros, ela que de forma injusta foi ostracizada por Hollywood após uma patética presença no aniversário do presidente da Chéchénia.

Mas voltando ao filme, e bem vistas as coisas, para além dessa boa prestação dos atores, onde se incluem os secundários, não há muito de novo por aqui, nem mesmo o facto de termos uma personalidade feminina como o centro deste filme do velho oeste. Como diria um artigo do The Spectator, lá por ter umas quantas mulheres não faz dele um filme feminista. Essa “alcunha” é meramente uma manobra publicitária, mas se formos por aí, então vejam antes Johnny Guitar (1954), Os Quarenta Cavaleiros (1957) ou até o mais recente Indomável (2010).

O Melhor: Hillary Swank
O Pior: James Spader e Meryl Streep deram certamente ajuda a Lee com os seus nomes, mas a sua participação é tão insipida que só pensamos em puro desperdício de talento.


Jorge Pereira

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