Sábado, 20 Abril

«Hector and the Search for Happiness» (Hector e a procura da felicidade) por Hugo Gomes

Hector (Simon Pegg) é um jovem psiquiatra com uma vida organizada e pensada ao pormenor ao lado da sua mulher, Clara (Rosamund Pike). Porém, apesar da organização do seu quotidiano e de tudo correr como planeado, Hector sente-se infeliz, incompleto e que lhe falta algo de autêntico na sua vida. Por causa disso, decide embarcar numa aventura em busca de um “mito”. A verdadeira essência da felicidade.

Para além de todos os pontos que o protagonista recolhe nessa mesma jornada, em Hector e a Busca pela Felicidade aprendemos um ponto adicional que não está de certa forma presente na fita: Simon Pegg sem Edgar Wright é um caos. Não no sentido da sua prestação, visto que o ator célebre por Shaun of the Dead é esforçado na sua entrega, mas porque para sua grande infelicidade, calhou-lhe um argumento mais próximo de um guia de auto-ajuda do que supostamente uma obra cinematográfica.

Assinado por Peter Chelsom, o realizador do bem-sucedido mas muito lamechas Feliz Acaso, Hector e a Busca pela Felicidade remete-nos a uma longa viagem do seu protagonista por locais exóticos como a China, África (o filme cobardemente nem especifica qual a nação) e por fim a Califórnia, tudo soando a um documentário turístico mal encenado e frequentado por personagens descartáveis, grande parte deles encarnadas por actores de luxo. Existem emoções para todos os gostos: o dramalhão ao som de acordes melódicos (imperativamente fazem chorar os mais sensíveis, ou talvez não),a comédia que nem um sorriso é capaz de arrancar e um artificialismo nas situações que até assusta. O mais aterrador em tudo isto é a persistência em querer ser levado a sério.

O que é a felicidade afinal? Ficamos a questionar. Certamente a resposta não irá ser encontrada aqui, nem que Simon Pegg escreva duzentos livros sobre o tema. Porém, ver Rosamund Pike é sempre motivo para um sincero sorriso. Nesta demanda, é o mais próximo que temos da harmonia intrínseca.

O melhor – o esforço de Simon Pegg e a presença de Rosamund Pike
O pior – um guia de auto-ajuda descarado e sem respeito pelas personagens. Definitivamente não encontramos a felicidade aqui.


Hugo Gomes 

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