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Love Steaks: animais “fornicadores” em hotel de luxo

Num hotel de luxo, dois funcionários vivem um amor desvairado, a harmonia encontrada entre ambos é inconstante, mas essa inconstância soa como uma anarquia em todo o estabelecimento. O hotel vê com maus olhos esta relação algo autodestrutiva.

Em “Love Steaks”, de Jakob Lass, existe um impulso animalesco que o torna primariamente sedutor. Eis um filme que remete-nos à linguagem de uma nova geração de cineastas. Geração, essa, que nasceu com a proliferação dos videoclipes e da sua influência no cinema, também é esta a geração que cresceu com a ousadia e o minimalismo das produções MTV. Mas Lass evidencia mais do que preguiça em ilustrar o retrato frenético e de cariz adolescente. Invés disso, filma uma história recorrente à química dos seus protagonistas, da bizarria dos seus comportamentos e da sua cumplicidade alienada. Mas apesar do toque, fica sempre longe dos lugares-comuns ou da tentação de se rever numa trama “mainstream“.

“Love Steaks” é uma panóplia de gestos, é o embate entre dois seres deslocados do seu meio ambiente, perdidos entre o rigor de um sistema estabelecido e libertinos na respetiva aura (quase soando como uma metáfora coming-of-age, embrulhado com um retrato social alusivo). Lana Cooper e Franz Rogowski expõem essa mesma química sem remorsos de pudor, sem timidez nem receio da eventual humilhação. As suas entregas interpretativas funcionam como combustão neste filme minimalista que procura ser o que todos pretendem: uma rebeldia adolescente evidente da qual não é possível fugir.

Porém, é curioso o interesse dado pelas suas personagens e a relação de ambos, tão inatural como “perfeito”. Na verdade, tudo se resume a um golpe de sorte do seu realizador, Jakob Lass, que filma por instinto e usufrui de uma linguagem leve, revoltante aos modelos aristotélicos do cinema, ao mesmo tempo que aspira os códigos do espírito jovem.

Um exercício de dinamismo e aptidão.