Sábado, 20 Abril

«Horrible Bosses 2» (Chefes Intragáveis 2) por Jorge Pereira

Em 2011, a comédia com tons negros Chefes Intragáveis mostrava com alguma piada como Nick Hendricks (Jason Bateman), Kurt Buckman (Jason Sudeikis) e Dale Arbus (Charlie Day) decidem assassinar os seus patrões, que iam desde um arrogante e irascível Dave Harken (Kevin Spacey) a um imprevisível e alucinado Bobby Pellitt (Colin Farrell), passando por Julia Harris (Jennifer Aniston), uma dentista adita sexual. Pelo meio encontrávamos ainda Jamie Foxx num dos seus melhores papéis cómicos, Dean ‘MF’ Jones, triunfando o filme no seu género «men gone wild» através de algumas situações negras com piada e um conjunto de atuações saudáveis para o proposto.

Chefes Intragáveis 2, por sua vez, é a típica sequela completamente desnecessária, não só porque perde a léguas na graça que tem em relação ao primeiro filme, mas principalmente porque diminui o conjunto das duas obras ao ponto de desesperadamente suplicarmos para que não exista um terceiro filme.

Agora livres dos patrões, Bateman, Sudeikis e Day lançam-se no mercado com um revolucionário chuveiro (o Shower Buddy). Como os neurónios para o negócio são coisa rara para estas bandas, o trio é facilmente enganado por um investidor, Christoph Waltz, e pelo seu filho, Chris Pine. Falidos e sem hipóteses de pagarem as dívidas, resta planear um golpe que os ponha de novo em jogo.

O grande problema desta continuação está logo no trio de protagonistas. Se Bateman não brilha é ainda assim o elemento mais equilibrado e racional do grupo. O mesmo não acontece com Sudeikis e Day, aqui cada vez mais transformados numa espécie de Harry e Lloyd de Doidos a Solta, tal a estupidez sistemática dos atos que vão acumulando. Para piorar, Day cai frequentemente em gritos e entoações histéricas que o transformam numa espécie de Rosie Perez masculina, algo que se vai tornar profundamente irritante durante os 108 minutos da obra.

Ora se aqueles por quem devíamos torcer nos geram tanta indiferença (Bateman), antipatia (Day) e desprezo (Sudeikis), o conflito necessário para mover a narrativa não existe, restando esperar que os vilões de serviço nos sequestrem a atenção de alguma forma. Spacey tem aqui uma presença diminuta, por isso as atenções recaem em Waltz e Pine. O último é o típico menino do papá, pouco convincente em todas as suas atitudes e decisões (Depois de Guerra é Guerra, este é mais um tiro no pé do ator em termos de comédias). Já o austríaco está preso a uma personagem cliché, excêntrica e de tom demasiado burlesco e batido, algo que o deixa amarrado a uma interpretação caricatural e banal.

Nisto salvam-se Aniston – que com as suas taras, manias e forma desbocada de ser contrasta com a imagem com que sempre a encaramos no cinema e TV – e Foxx, mais uma vez com alguns momentos hilariantes. Mas há que ver que até esta “salvação” é apenas uma extensão equilibrada de duas personagens do primeiro filme, sendo este mais um ponto que demonstra que esta fita é verdadeiramente orfã de personalidade e de um tom único e distinguível.

Assim sendo, Chefes Intragáveis 2 apresenta-se apenas e só como uma replicação muito mais fraca do filme original, que apesar de não figurar nas grandes comédias dos últimos anos, divertia minimamente.

O Melhor: Aniston e Foxx (e as suas personagens)
O Pior: Derivativo, pouco imaginativo e raramente divertido


Jorge Pereira

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