Sexta-feira, 19 Abril

«The Hunger Games: Mockingjay – Part 1» (The Hunger Games: A Revolta – Parte 1) por Jorge Pereira

Não há volta a dar. Após os eventos ocorridos em Hunger Games – Em Chamas, a revolta dos vários distritos contra o Capitólio está instalada, entrando agora a saga numa outra fase – bem longe dos jogos de sobrevivência entre tributos – mas completamente orientada para uma guerra generalizada, não só bélica, mas de informação e propaganda entre as “duas” fações.

Esta mudança de orientação era inevitável, não só porque o material onde toda a saga se rege está estampado na saga literária de Suzanne Collins (e não se pode fugir muito dele), mas porque a evolução natural em tempos de guerra assim o diz.

Nisto, nesta primeira parte dos dois filmes que compõem um único livro (Jogos da Fome: A Revolta), Katniss e Peeta estão em campos opostos. A primeira, junto do distrito 13, fortalecendo a revolta como o símbolo da oposição ao regime autocrático do presidente Snow; o segundo, detido pelo capitólio, indicia nas suas atuações na televisão oficial uma postura reacionária. É nesta guerra de informação entre as duas partes que Hunger Games: A Revolta Parte 1 mantém a sua força e astúcia, embora nos mantenha presos à cadeira com diversos ataques bélicos do poderoso armamento do Capitólio, e a retaliação dos «radicais», como Snow lhes chama.

Francis Lawrence, que surpreendeu com o seu trabalho, depois de pegar à pressa na realização do segundo filme da franquia (após o abandono de Gary Ross), volta aqui a mostrar que tem pulso para estes voos, contruindo e balanceando todos os elementos incutidos na obra literária, sejam situações de guerra e ação, momentos mais dramáticos e introspetivos, ou até a tal faceta mais politica e propagandista.

O mesmo se aplica aos atores. Jennifer Lawrence e a sua Katniss – sempre embrulhada em dilemas e responsabilidades – destaca-se ainda mais dos seus «apoios» masculinos: Peeta (Josh Hutcherson) e Gale (Liam Hemsworth). Se o segundo sempre teve aparições mais fugazes, o primeiro perde o tempo de antena que teve nos filmes anteriores e é vítima da situação da sua personagem, retida no Capitólio. Quem ganha com isso são outros secundários, como a presidente dos revoltosos, Alma Coin (Julianne Moore), aqui em grande forma, pois transmite uma ambiguidade que certamente o último filme explicará melhor. O mesmo acontece com Philip Seymour Hoffman (nos créditos surge uma dedicatória ao ator), embora saibamos que a sua prematura morte retirou-lhe tempo de antena nos dois filmes que compõem o final. E, claro, não nos podemos esquecer de Effie Trinket (Elizabeth Banks) e Haymitch Abernathy (Woody Harrelson), que funcionam não só como os comic relief que qualquer saga do género necessita, mas também como os instigadores com as palavras certas no momento certo.

Em suma, Hunger Games: A Revolta Parte 1 continua a manter – dentro dos limites de uma saga juvenil para massas – a qualidade do legado cinematográfico da franquia e, iniciando uma nova orientação, abriu ainda mais o seu alcance e abrangência, tornando-se mais completo, adulto e consequentemente mais forte.

Porém, é inevitável não sentir que toda esta primeira parte não é mais que um ponto de partida para o grande final – sendo notório que era preferível ter mantido o terceiro livro como um único (e longo) filme.

O Melhor: A saga ganha nova dimensão com a guerra bélica, de informação e propaganda, deixando o seu lado mais de filme de ação orientado pelos jogos de sobrevivência
O Pior: Seria sempre preferível ver todo o terceiro livro num único filme


Jorge Pereira

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