Sábado, 20 Abril

«Lullaby» (Lullaby – A Última Canção) por Nuno Miguel Pereira

Lullaby – A Última Canção, do estreante Andrew Levitas, conta-nos a história de uma família profundamente destruída devido ao cancro terminal do patriarca (Richard Jenkins), que toma a decisão de pôr termo à sua vida no dia seguinte. Posta toda a questão ideológica da eutanásia de parte, a verdade é que acabamos por desejar que ele efetivamente faleça rapidamente – talvez assim o filme terminasse mais depressa.

Lullaby – A Última Canção é aquele filme irritante, mas não único, que implora pelas nossas lágrimas, utilizando para isso manipulações básicas que envolvem uma banda-sonora estereotipada, personagens a lacrimejar e gritos chorosos – só faltava colocarem um cão a sofrer, como golpe de misericórdia.

Infelizmente, este desfilar de clichés e sentimentos artificiais, não suscita qualquer tipo de emoção em quem (infelizmente) vê esta obra. Isto acrescido dos inúmeros subplots prototípicos e mal desenvolvidos, acabam por resultar numa história partida, com um tema de fundo fraturante, mas focado na perspetiva mais fútil. Fazendo uma analogia, quase que se assemelha a um filme de horror que, para provocar medo nos espectadores, apenas utiliza cenas explícitas de sangue.

Isto faz com que o excelente elenco composto por nomes como Amy Adams, Richard Jenkins, Anne Archer, Terrence Howard, Jessica Brown Findlay e Jennifer Hudson, seja meramente um adereço e, por vezes, espectador do descalabro interminável (são 117 minutos, mas parecem o dobro).

O que claramente contribuiu para a derrocada da obra foi o seu protagonista Jonathan (Garett Hedlund), uma personagem profundamente aborrecida, pseudo-músico inconsequente que tenta mostrar que é bonito (teoricamente a sua melhor arma) em grande parte do filme.

Por fim, temos ainda tempo para que Andrew Levittas se lembre que, se calhar, explorar o tema da religião até poderia ser engraçado e profundo. Não o foi: acabou por ser uma situação completamente desligada e que quase parecia improvisada da cabeça do realizador. No final, o filme, quase que por comparação, faz com que “Para a Minha Irmã” pareça filme de Oscar. Basicamente, o realizador (que também assina o argumento) pega num género já repleto de clichés e adensa-os, piora-os e ridiculariza-os.

O Melhor: O elenco tinha nomes de peso
O Pior: Parece que foi realizado em piloto-automático e escrito tendo por base um livro de auto-ajuda. Funciona como uma sequência de chavões ao longo de 117 minutos.


Nuno Miguel Pereira

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