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«Ocho Apellidos Vascos» (Namoro à Espanhola) por Duarte Mata

Namoro à Espanhola (tradução mais que grosseira) tem o constante sabor a déjà-vu da comédia romântica onde duas pessoas que pouco têm em comum acabam por perceber que não podem viver um sem o outro.

A aversão entre as partes tem origens na rivalidade entre espanhóis e bascos – um pequeno povo disperso entre Espanha e França – onde um orgulhoso sevilhano, Rafa (Dani Rovira), fica interessado numa basca, Amaia (Clara Logo), após um conjunto de anedotas de mau gosto do primeiro e uma forte embriaguez da segunda. Sucede que os atritos culturais entre ambos não permitem que o sentimento seja retribuído por esta última, abandonada no altar há pouco tempo. Encontra o pai (Karra Elejalde) que ouviu falar em casamento, mas que de nada sabe. Para não ser motivo de vergonha para este, Amaia quer que Rafa finja que é o seu noivo (claro está, também da mesma etnia que ela) e que se forje a boda.

Não há inovações ao nível do argumento neste filme. Tanto pode ser um caso de espanhóis e bascos, como lisboetas e alentejanos, cristãos e judeus ou brancos e negros. É apenas uma questão de variação de piadas em concordância com o espaço cultural.

Algum do humor passa como aceitável, apesar de parte dele ser, obviamente, mais compreensível pelo nosso país vizinho. Há um jeito para a comédia pelo quarteto principal (os três já referidos e Carmen Machi, uma das musas de Almodóvar). Mais ainda pelo realizador Emilio Martinez Lázaro com um bom controlo nas cenas em planos mais longos que o normal, assemelhando-se a um Woody Allen espanhol em termos de estilo.

Se procura algumas gargalhadas ligeiras para descontrair, este é o seu filme. Mas, devido à estrutura previsível facilmente decifrável pelo espectador no seu desenrolar, mais do que isso pouco tem para dar.

O melhor: Algum do humor aceitável e a realização.
O pior: Previsível e um pouco reservado para a audiência espanhola.

                                                                                                        
                                                                                                              Duarte Mata