Quinta-feira, 25 Abril

«Un château en Italie» (Um Castelo em Itália) por Nuno Gonçalves

A atriz-realizadora Valeria Bruni Tedeschi apresenta-nos em Um Castelo em Itália (terceira obra dirigida pela mesma) uma comédia-drama sem substância, excêntrica quanto baste, pontuada por um exagero dramático que chega a ser constrangedor. Somos levados a uma obra que se quer pretensiosamente profunda, carregada de ambições, mas que em nada foi ponderada.

Valeria assume-se no papel principal da trama, interpretando Louise, uma ex-atriz solteira dos seus quarentas, irmã de Ludovic, que se encontra doente (baseado no seu próprio irmão ao qual o filme é dedicado, interpretado aqui por Filippo Timo). O desejo de Louise de ser mãe pode ou não ser concretizado quando esta conhece Nathan (Louis Garrel), que se encontra também ele em dúvida acerca da sua carreira como ator. Se tivermos que apontar o centro da obra, certamente será na relação de Louise com estes dois homens. Contudo, a peça é suficientemente ampla para encontrar espaço para a sua mãe (Marisa Borini, mãe da própria Valeria), para um artista alcoólico (Xavier Beauvois), para a namorada de Ludovic e para os pais de Nathan.

A trama apresenta-se simples ao espectador, o seu fio condutor é facilmente reconhecido, mas peca pela sua falta de consistência. Tenta dirigir emoções extremas, saltando constantemente entre a subtileza e o drama, nunca chegando a encontrar o seu verdadeiro ponto de equilíbrio. É nos facilmente perceptível qual a combinação pretendida por Valeria nesta obra: um jogo de contrastes; a oposição do castelo sumptuoso da família rica, que não é mais que o cenário para a sua própria decadência, aliando ainda as excentricidades individuais de cada personagem, cada um com os seus problemas mundanos.

Ainda assim é uma obra que organicamente empresta a cada um dos seus interpretantes o seu momento de expressão e rasgo dramático perante a câmara. É essa aposta nas interpretações que salva o filme à medida que este é lançado sobre nós.

O melhor – O primeiro encontro entre Louise (Valeria) e Nathan (Garrel);
O pior – O alheamento do espectador aos acontecimentos do filme devido ao excesso de emoções.


Nuno Gonçalves

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