Sexta-feira, 29 Março

«Rio 2» por Jorge Pereira

Blu vive atualmente com Jóia, a sua companheira, filhos e amigos no Rio de Janeiro, pelo menos até aos seus “donos”, Linda e Tulio, viajarem para a Amazónia para investigar a hipótese de existirem mais araras como eles. Quando estes efetivamente descobrem que essa hipótese é uma realidade, Blu, família e alguns amigos partem para a selva, local onde vão descobrir, não só a família de Jóia, mas um velho inimigo, Nigel, e também a ameaça humana.

Não há nada de novo ou de refrescante em Rio 2, mas ainda assim, e no meio de todas as suas rotinas, gags, cores vibrantes e números musicais, esta sequela consegue manter o poder de atração para os miúdos sem entediar em demasia os pais (desde que estes estejam abertos aos ritmos musicais sul americanos e a uma narrativa esquemática e previsível).

Tecnicamente o filme entrega o que se esperava nos tempos de hoje: uma palete de cores vibrante e um trabalho sonoro que transpõe as exigências que um setting como a floresta amazónica requeria, embora se sinta muitas vezes que se podia ter ido ainda mais longe. Porém, incomoda mais o pouco risco que Rio 2 assume, preferindo refugiar-se em fórmulas de sucesso demasiado gastas: um herói improvável (Blu), um enredo onde se replica a velha guerrilha entre sogro e genro (tão esbatida em comédias como a saga um Sogro do Pior), um playboy atlético que coloca Blu de sentinela em relação a Jóia, uma mensagem ecológica simplificada e tipificada (há homens maus e gananciosos que estão a destruir a floresta e outros bons, mas trapalhões, a lutarem contra isso), e o repetido contraste vida na selva – vida na cidade, que tem reflexos na relação do casal de araras e na forma como cada um deles imagina o seu futuro. Para além disso, o grande vilão do primeiro filme regressa com metade da força, embora mantenha a graça e surja com novos companheiros do mal suficientemente calibrados, como uma rã cor de rosa que está apaixonada por ele e que se destaca a nível de personagens secundárias.

E se é verdade que tudo isto entretém o quanto baste, quem esperar mais vai achar Rio 2 um poço bem fundo de dèjá-vu.

Uma última nota para a triste generalização de apresentar os filmes de animação apenas dobrados em português. Custa assim tanto dar uma alternativa legendada, nem que fosse apenas numa sala, numa única sessão diária?

O Melhor: A mensagem ecológica, embora reduzida a chavões e demasiadas simplificações
O Pior: Extremamente previsível


Jorge Pereira

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