Quinta-feira, 18 Abril

«De Jueves a Domingo» por Jorge Pereira

 


Os pais não estão bem. Esta é uma das primeiras sensações que «De Jueves a Domingo» transmite ao espectador – que impávido e sereno assiste aos preparativos para uma viagem que se percebe longa para uma família.
 
Realizado por Dominga Sotomayor, esta produção chilena-holandesa acompanha uma família numa longa viagem ao norte, mas como já dissemos acima, as coisas não aparentam estar bem para o casal e por vezes parece que assistimos a tudo sentados no banco de trás do carro, como a filha mais nova o faz, tentando juntar peças do que vai apanhando.
 
Repleto de pequenas tensões e uma contenção narrativa e estilística, este é um filme bastante subtil sobre as separações, estando o espectador no papel da filha do casal, que aos poucos – e como nós – vai aperceber-se que aquela é mesmo a última viagem de uma família que caminha para a definitiva separação. E não é a toa que a viagem parece interminável, ainda que a desculpa seja conhecer umas terras longínquas deixadas por um familiar. No fundo, este é um longo e sentido adeus, onde até ao último momento a dificuldade do casal em abrir o jogo mantém tudo no maior secretismo.
 
Descrito como o primeiro road movie chileno, «De Jueves a Domingo» faz ainda uso das suas paisagens e ambientes como uma personagem que nos acompanha, e que acentua em grande escala o estado de espírito do casal e da família. Realce aqui para as boas interpretações gerais (especialmente Santi Ahumada) e para a forma controlada e sábia com que Sotomayor mostra a sua pequena história, que é bem mais profunda que os poucos diálogos e acontecimentos parecem indicar numa análise rápida…
 
 
Jorge Pereira
 

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