Quinta-feira, 28 Março

‘Voy a Explotar’ por Cátia Coias

“Voy a Explotar” (”Vou Explodir”) dá epicamente início através da frase “Hijos de Puta”, pensada  por um jovem adolescente isolado do mundo exterior através dos seus headphones,  embrenhado nuns rabiscos em papel para um plano louco suicida.

Trata-se da segunda longa-metragem de Gerardo Naranjo (“Malachance”, 2004),r ealizador de origem Mexicana e  que conta com as magnificas interpretações de Juan Pablo de Santiago e  Maria Deschamps  assim como com a produção de  Gael Garcia Bernal e Diego Luna  (“Y Tu Mamma También”) .

“Voy a Explotar”  arrisca-se , ao lado de “Y Tu Mamma También”, a tornar-se  no melhor filme latino da última década, ou num forte candidato para esse (e)feito.

Conta a história de jovens mexicanos – Roman e Maru – um casal de dois adolescentes rebeldes que empreendem uma aventura sem rumo, fazendo-se acompanhar apenas de uma pistola e de um Volkswagen roubado. O que depois acontece, como narra Maru no filme, são ”dois jovens que desaparecem e já é uma aventura!”.

O casal, que se torna uma espécie de Bonnie and Clyde em versão adolescente,  não mede  directamente as consequências dos seus actos inconscientes, que naturalmente acabam por se revelar como fatídicos.

 
“Voy a Explotar” refere-se alegoricamente às questões que nos assolam enquanto adolescentes: as  crises de crescimento, as suas inquietações, o amor e a rejeição, o desacompanhamento, o abandono, o conflito de gerações, os valores familiares, e a degradação das relações humanas e sociais. Questões que  muitos dos adultos (assim o poderiam dizer Maru e Roman)  aceitam como inquestionáveis e às quais reagem com um vago encolher de ombros.

Sem meias palavras, sem meios planos, tudo é aberto e dito de uma forma clara e transparente, sem no entanto se tornar nem vulgar, nem oferecido de bandeja.

Além da óbvia beleza da sua fotografia e dos seus planos rápidos e implacáveis, este é também um filme pertinente, na medida em que se torna indissociável da crise de valores que assola as sociedades  contemporâneas, e perturba particularmente os nossos jovens, futuros empreendedores,  que esperam  um mundo novo, mais justo, humano e honesto.

Este é um filme intenso, arrepiante e um misto feliz de bom humor e tragédia.

Uma ressalva também para a excelente banda-sonora, lançada pouco tempo depois do filme : “LAS CANCIONES DE MARU Y ROMAN”, as aventuras de Maru e Roman também para ouvir.

Mas e afinal, o que é o “normal?”… 


Cátia Coias

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